Protocolo de Ressonância Magnética (RM) para Fratura Vertebral Traumática
A ressonância magnética (RM) é essencial na avaliação de fraturas vertebrais traumáticas, permitindo a detecção de edema ósseo, lesões ligamentares, hematomas epidurais, compressão medular e lesões associadas. A RM complementa a tomografia computadorizada (TC) ao fornecer informações detalhadas sobre lesões da medula espinhal, ligamentos e tecidos moles, sendo crucial para determinar a estabilidade da fratura e planejar o tratamento.
1. Posicionamento do Paciente
- Posição: Decúbito dorsal, com a coluna alinhada em posição neutra para evitar exacerbação de lesões.
- Coil: Bobina de coluna de múltiplos canais para melhor relação sinal-ruído.
- Imobilização: Uso de suportes laterais para minimizar movimentação respiratória e muscular.
2. Sequências de Exame e Parâmetros Técnicos
Sequência | Plano | TR/TE (ms) | Espessura (mm) | Observações |
---|---|---|---|---|
T1 Sagital | Sagital | 500-700 / 10-15 | 3-5 | Avaliação anatômica, integridade óssea e alinhamento vertebral. |
T2 Sagital | Sagital | 3000-4000 / 80-120 | 3-5 | Identificação de edema ósseo, lesões ligamentares e lesões da medula espinhal. |
T2 STIR Sagital | Sagital | 4000-6000 / 50-80 | 3-5 | Sequência mais sensível para edema ósseo e tecidos moles. |
T2 Axial | Axial | 3000-4000 / 80-120 | 2-3 | Avaliação de compressão neural, hematomas epidurais e lesões ligamentares. |
DWI (Diffusion-Weighted Imaging) e ADC | Axial | 4000-6000 / 70-100 | 3-5 | Diferencia contusão medular (restrição) de edema medular (sem restrição). |
T1 Pós-Contraste (Gadolínio 0,1 mmol/kg) Sagital e Axial | Sagital e Axial | 500-700 / 10-15 | 3-5 | Avaliação de inflamação, hematomas e sinais de fratura patológica. |
3. Achados Característicos nas Fraturas Vertebrais Traumáticas
Fratura Aguda
- T2 STIR Sagital: Hiperintensidade no corpo vertebral, indicando edema ósseo.
- T1 Sagital: Hipossinal no local da fratura, sem perda cortical significativa.
- T2 Axial: Possível compressão da medula espinhal ou hematoma epidural.
Lesão Ligamentar Associada
- T2 STIR: Hiperintensidade nos ligamentos longitudinais anterior e posterior, indicando ruptura.
- T1 Pós-Contraste: Pode demonstrar realce inflamatório nos ligamentos afetados.
Contusão Medular
- DWI: Restrição na medula espinhal nos casos de lesão grave.
- T2 Sagital: Hipersinal na medula sem hemorragia associada.
Fratura Instável
- T2 Axial: Alargamento do espaço interespinhoso e deslocamento de fragmentos ósseos.
- T1 Pós-Contraste: Possível realce inflamatório no local da fratura.
4. Indicações Clínicas
- Investigação de fratura vertebral em pacientes com trauma e sintomas neurológicos.
- Diferenciação entre fraturas estáveis e instáveis.
- Avaliação de lesões ligamentares associadas.
- Monitoramento de recuperação da medula espinhal pós-trauma.
5. Preparação do Paciente
- Contraste: Indicado apenas se houver suspeita de infecção, neoplasia ou lesão vascular associada.
- Jejum: Não necessário, exceto se houver uso de contraste.
- Histórico Clínico: Importante correlacionar com mecanismo do trauma, déficits neurológicos e histórico de osteoporose ou doenças ósseas associadas.
6. Destaques
- T2 STIR é essencial para detectar edema ósseo e lesões ligamentares.
- DWI auxilia na diferenciação entre contusão e edema medular.
- T1 pós-contraste pode ser útil para avaliação de fraturas patológicas.
- T2 Axial permite avaliar compressão da medula espinhal e hematomas epidurais.