Protocolo de Ressonância Magnética (RM) para Encefalopatia Tóxico-Metabólica
A ressonância magnética (RM) é essencial para a avaliação da encefalopatia tóxico-metabólica, permitindo a identificação de padrões específicos de lesão cerebral associados a distúrbios metabólicos, intoxicações exógenas e falências orgânicas. A RM pode demonstrar alterações da substância branca, gânglios da base, córtex cerebral e tronco encefálico, auxiliando na diferenciação entre diversas etiologias.
1. Posicionamento do Paciente
• Posição: Decúbito dorsal, com a cabeça imobilizada para minimizar artefatos de movimento.
• Coil: Bobina de crânio de múltiplos canais (mínimo de 8 canais) para melhor relação sinal-ruído.
• Imobilização: Almofadas laterais para estabilização da cabeça.
2. Sequências de Exame e Parâmetros Técnicos
Sequência |
Plano |
TR/TE (ms) |
Espessura (mm) |
Observações |
---|---|---|---|---|
T1 Volumétrica (3D MPRAGE ou IR-SPGR) |
Sagital |
1800-2500 / 2-5 |
1.0-1.2 |
Avaliação anatômica e atrofia cortical. |
T2 Pesada |
Axial e Coronal |
3000-4000 / 80-120 |
2-3 |
Visualização de lesões em gânglios da base e tronco encefálico. |
FLAIR (Fluid-Attenuated Inversion Recovery) 3D |
Axial |
8000-11000 / 120-140 |
1.0-1.2 |
Avaliação de edema tóxico-metabólico na substância branca e córtex. |
DWI (Diffusion-Weighted Imaging) e ADC |
Axial |
4000-6000 / 70-100 |
2-3 |
Identificação precoce de lesões hipóxicas e metabólicas. |
SWI (Susceptibility-Weighted Imaging) ou T2* |
Axial |
700-800 / 15-25 |
2-3 |
Avaliação de micro-hemorragias e depósitos de ferro nos gânglios da base. |
Perfusão por RM (PWI - Perfusion-Weighted Imaging) |
Axial |
Dinâmico |
5-7 |
Avaliação da perfusão cerebral em estados de encefalopatia. |
RM Espectroscopia (MRS - Magnetic Resonance Spectroscopy) |
Single Voxel (Córtex, Núcleos da Base) |
1500-2000 / 20-35 |
1-3 cm³ |
Elevação do lactato e redução de NAA em distúrbios metabólicos. |
3. Padrões de Lesão nas Principais Causas de Encefalopatia Tóxico-Metabólica
Encefalopatia Hepática
• FLAIR/T2: Hiperintensidade na substância branca periventricular e córtex insular.
• DWI: Restrição na substância branca profunda em casos graves.
• MRS: Pico elevado de glutamina/glutamato, indicando disfunção hepática.
Encefalopatia Hipoglicêmica
• DWI: Restrição nos gânglios da base e no córtex occipital.
• FLAIR: Hiperintensidade no hipocampo e córtex parietal.
Encefalopatia Hipercápnica
• FLAIR/T2: Hipersinal difuso na substância branca profunda.
• DWI: Pode demonstrar restrição na junção córtico-subcortical.
Encefalopatia Urêmica
• FLAIR/T2: Hiperintensidade difusa na substância branca subcortical.
• DWI: Restrição nos gânglios da base e cápsula interna.
Intoxicação por Monóxido de Carbono
• DWI: Restrição simétrica nos globos pálidos.
• FLAIR/T2: Hipersinal em substância branca profunda.
Leucoencefalopatia Tóxica (Quimioterapia, Radioterapia)
• FLAIR/T2: Lesões confluentes na substância branca.
• DWI: Pode mostrar restrição na fase aguda.
4. Indicações Clínicas
• Investigação de encefalopatia em pacientes com disfunção hepática, renal ou metabólica.
• Diagnóstico diferencial entre encefalopatia hipóxica, inflamatória e tóxica.
• Monitoramento de toxicidade neurológica induzida por drogas ou quimioterapia.
• Detecção precoce de lesões cerebrais relacionadas à hipoglicemia, acidose ou intoxicações.
5. Preparação do Paciente
• Contraste: Não é necessário na maioria dos casos, exceto em suspeita de neoplasias ou inflamações associadas.
• Jejum: Não é necessário.
• Histórico Clínico: Importante correlacionar com histórico de doenças metabólicas, intoxicações, insuficiência hepática ou renal, uso de drogas ou exposição a toxinas.
6. Destaques
• DWI é essencial para a detecção precoce de lesões hipóxicas e tóxico-metabólicas.
• FLAIR e T2 são fundamentais para a análise da substância branca e córtex cerebral.
• MRS auxilia na diferenciação entre encefalopatias hepática, urêmica e hipoglicêmica.
• SWI deve ser incluída para investigar micro-hemorragias e depósitos de ferro.