A sequência de difusão no plano coronal em ressonância magnética (RM) é utilizada em situações onde a avaliação detalhada de estruturas anatômicas ou patológicas ao longo de eixos perpendiculares ao corpo principal de interesse (como o hipocampo ou o sistema nervoso central) é necessária. Essa abordagem é essencial para capturar informações que podem ser perdidas em planos axiais ou sagitais convencionais.
Indicações Clínicas para a Difusão no Plano Coronal
1. Neurorradiologia
Epilepsia e Esclerose Mesial Temporal (EMT):
- Avaliação de alterações difusionais no hipocampo, como nas fases iniciais de encefalite límbica ou em processos ictais (crises epilépticas).
- Complementa as sequências T2/FLAIR coronais na análise do hipocampo.
Acidente Vascular Cerebral (AVC):
- Estudo detalhado da difusão em áreas limítrofes e regiões profundas, como o hipocampo e os núcleos da base.
- Detecção de pequenos infartos corticais ou subcorticais que podem não ser bem visualizados nos planos axiais.
Encefalite e Processos Inflamatórios:
- Identificação de alterações difusionais focais, especialmente em estruturas límbicas (hipocampo, amígdalas, giro cingulado).
2. Oncologia
Tumores do Hipocampo e Regiões Perilímbicas:
- Detecção de restrição à difusão em tumores sólidos ou cistos neoplásicos.
- Diferenciação entre lesões tumorais e pseudotumorais.
Metástases e Linfomas:
- Avaliação de lesões infiltrativas com restrição à difusão, comuns em linfomas do sistema nervoso central.
3. Trauma Crânio-Encefálico
- Lesões Axonais Difusas:
- Identificação de micro-hemorragias e alterações focais em regiões específicas, como o giro parahipocampal.
4. Doenças Neurodegenerativas
- Doença de Alzheimer e Comprometimento Cognitivo Leve (CCL):
- Monitoramento de alterações de difusão associadas a depósitos de proteína tau ou beta-amiloide em áreas límbicas.
5. Outras Indicações
Infecções Fúngicas ou Bacterianas:
- Avaliação de abscessos cerebrais próximos à região límbica ou do tronco encefálico.
- Estudo de meningites ou meningoencefalites, especialmente em regiões basais.
Doenças Hereditárias e Metabólicas:
- Investigação de patologias que afetam o hipocampo, como leucodistrofias com envolvimento das regiões límbicas.
Técnicas e Planejamento
Planejamento Anatômico:
- Os cortes coronais devem ser planejados perpendicularmente ao eixo maior do hipocampo ou da região de interesse.
- Referência em planos sagitais para ajuste preciso.
Aquisição:
- Espessura de corte fina (<3 mm) para maior resolução.
- Utilização de múltiplos b-values, sendo o b=1000 s/mm² o mais comum para identificar restrição à difusão.
Reconstrução:
- Geração de mapas de ADC (coeficiente de difusão aparente) para confirmar áreas de restrição.
Benefícios da Difusão Coronal
- Avaliação anatômica superior: Maior detalhe em áreas como hipocampo, amígdalas e giros temporais.
- Identificação precoce de alterações: Em doenças como encefalites e epilepsia, onde as alterações podem ser focais e pequenas.
- Complementação de planos axiais: Particularmente útil em estruturas alongadas no eixo anteroposterior.
Limitações
- Artefatos de movimento: Mais suscetível a distorções em áreas de transição anatômica ou em pacientes com dificuldade de cooperação.
- Tempo de aquisição: Pode ser maior em protocolos detalhados.
Conclusão
A difusão no plano coronal deve ser realizada sempre que for necessária uma análise detalhada de estruturas específicas, como o hipocampo e o sistema límbico, ou em patologias que afetam áreas alongadas em planos oblíquos. É uma sequência indispensável em protocolos voltados para epilepsia, AVC, tumores e encefalites.