terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Quando fazer sequência de difusão em coronal?

 A sequência de difusão no plano coronal em ressonância magnética (RM) é utilizada em situações onde a avaliação detalhada de estruturas anatômicas ou patológicas ao longo de eixos perpendiculares ao corpo principal de interesse (como o hipocampo ou o sistema nervoso central) é necessária. Essa abordagem é essencial para capturar informações que podem ser perdidas em planos axiais ou sagitais convencionais.


Indicações Clínicas para a Difusão no Plano Coronal

1. Neurorradiologia

  • Epilepsia e Esclerose Mesial Temporal (EMT):

    • Avaliação de alterações difusionais no hipocampo, como nas fases iniciais de encefalite límbica ou em processos ictais (crises epilépticas).
    • Complementa as sequências T2/FLAIR coronais na análise do hipocampo.
  • Acidente Vascular Cerebral (AVC):

    • Estudo detalhado da difusão em áreas limítrofes e regiões profundas, como o hipocampo e os núcleos da base.
    • Detecção de pequenos infartos corticais ou subcorticais que podem não ser bem visualizados nos planos axiais.
  • Encefalite e Processos Inflamatórios:

    • Identificação de alterações difusionais focais, especialmente em estruturas límbicas (hipocampo, amígdalas, giro cingulado).

2. Oncologia

  • Tumores do Hipocampo e Regiões Perilímbicas:

    • Detecção de restrição à difusão em tumores sólidos ou cistos neoplásicos.
    • Diferenciação entre lesões tumorais e pseudotumorais.
  • Metástases e Linfomas:

    • Avaliação de lesões infiltrativas com restrição à difusão, comuns em linfomas do sistema nervoso central.

3. Trauma Crânio-Encefálico

  • Lesões Axonais Difusas:
    • Identificação de micro-hemorragias e alterações focais em regiões específicas, como o giro parahipocampal.

4. Doenças Neurodegenerativas

  • Doença de Alzheimer e Comprometimento Cognitivo Leve (CCL):
    • Monitoramento de alterações de difusão associadas a depósitos de proteína tau ou beta-amiloide em áreas límbicas.

5. Outras Indicações

  • Infecções Fúngicas ou Bacterianas:

    • Avaliação de abscessos cerebrais próximos à região límbica ou do tronco encefálico.
    • Estudo de meningites ou meningoencefalites, especialmente em regiões basais.
  • Doenças Hereditárias e Metabólicas:

    • Investigação de patologias que afetam o hipocampo, como leucodistrofias com envolvimento das regiões límbicas.

Técnicas e Planejamento

  1. Planejamento Anatômico:

    • Os cortes coronais devem ser planejados perpendicularmente ao eixo maior do hipocampo ou da região de interesse.
    • Referência em planos sagitais para ajuste preciso.
  2. Aquisição:

    • Espessura de corte fina (<3 mm) para maior resolução.
    • Utilização de múltiplos b-values, sendo o b=1000 s/mm² o mais comum para identificar restrição à difusão.
  3. Reconstrução:

    • Geração de mapas de ADC (coeficiente de difusão aparente) para confirmar áreas de restrição.

Benefícios da Difusão Coronal

  • Avaliação anatômica superior: Maior detalhe em áreas como hipocampo, amígdalas e giros temporais.
  • Identificação precoce de alterações: Em doenças como encefalites e epilepsia, onde as alterações podem ser focais e pequenas.
  • Complementação de planos axiais: Particularmente útil em estruturas alongadas no eixo anteroposterior.

Limitações

  • Artefatos de movimento: Mais suscetível a distorções em áreas de transição anatômica ou em pacientes com dificuldade de cooperação.
  • Tempo de aquisição: Pode ser maior em protocolos detalhados.

Conclusão

A difusão no plano coronal deve ser realizada sempre que for necessária uma análise detalhada de estruturas específicas, como o hipocampo e o sistema límbico, ou em patologias que afetam áreas alongadas em planos oblíquos. É uma sequência indispensável em protocolos voltados para epilepsia, AVC, tumores e encefalites.