Protocolo de Ressonância Magnética (RM) para Avaliação das Glândulas Salivares (Parótida, Submandibular, Sublingual)
A ressonância magnética (RM) é o exame mais sensível para a avaliação das glândulas salivares (parótida, submandibular e sublingual), permitindo a diferenciação entre lesões benignas e malignas, detecção de inflamações, obstruções ductais, sialolitíase e tumores. A RM também é essencial para avaliar a extensão da doença e a relação das lesões com estruturas adjacentes, como nervos, músculos e linfonodos cervicais.
1. Posicionamento do Paciente
- Posição: Decúbito dorsal, com a cabeça imobilizada para minimizar artefatos de movimento.
- Coil: Bobina de cabeça e pescoço de múltiplos canais para melhor relação sinal-ruído.
- Imobilização: Uso de suportes laterais e faixa de contenção para minimizar movimentação.
2. Sequências de Exame e Parâmetros Técnicos
Sequência | Plano | TR/TE (ms) | Espessura (mm) | Observações |
---|---|---|---|---|
T1 Volumétrica (3D MPRAGE ou IR-SPGR) | Sagital | 1800-2500 / 2-5 | 1.0-1.2 | Avaliação anatômica detalhada das glândulas e estruturas adjacentes. |
T2 Axial e Coronal | Axial e Coronal | 3000-4000 / 80-120 | 2-3 | Identificação de lesões císticas, edema e processos inflamatórios. |
T2 STIR Axial e Coronal | Axial e Coronal | 4000-6000 / 50-80 | 2-3 | Melhor sequência para detectar inflamação, sialadenite e edema glandular. |
DWI (Diffusion-Weighted Imaging) e ADC | Axial | 4000-6000 / 70-100 | 2-3 | Diferenciação entre tumores benignos (sem restrição) e malignos (restrição à difusão). |
SWI (Susceptibility-Weighted Imaging) ou T2* | Axial | 700-800 / 15-25 | 2-3 | Pesquisa de calcificações e hemorragias dentro de lesões. |
T1 Pós-Contraste (Gadolínio 0,1 mmol/kg) Axial, Coronal e Sagital | Multiplanar | 500-700 / 10-15 | 2-3 | Avaliação de realce tumoral, vascularização e extensão perineural. |
Sialografia por RM (Heavy T2 - MR Sialografia) | Coronal | 8000-11000 / 250-350 | 1.0 | Avaliação dos ductos salivares e obstruções ductais. |
3. Achados Característicos nas Patologias das Glândulas Salivares
1. Sialadenite (Inflamação Glandular)
- T2/STIR: Hiperintensidade difusa na glândula, sugerindo edema inflamatório.
- T1 Pós-Contraste: Realce difuso nos casos agudos.
- Sialografia por RM: Pode mostrar obstrução parcial ou dilatação ductal.
2. Sialolitíase (Cálculo Salivar)
- SWI/T2*: Presença de hipossinal compatível com cálculo.
- Sialografia por RM: Dilatação ductal a montante do cálculo.
- T2/STIR: Pode mostrar edema glandular associado.
3. Tumores Benignos das Glândulas Salivares
Adenoma Pleomórfico (Mais comum na parótida)
- T2/STIR: Hiperintenso, bem delimitado, homogêneo ou levemente heterogêneo.
- DWI: Sem restrição à difusão.
- T1 Pós-Contraste: Realce progressivo e tardio.
Tumor de Warthin (Cistadenoma Papilífero Linfomatoso)
- T2/STIR: Heterogêneo, com componentes císticos e sólidos.
- DWI: Pode ter restrição leve.
- T1 Pós-Contraste: Realce inicial forte, podendo reduzir na fase tardia.
4. Tumores Malignos das Glândulas Salivares
Carcinoma Mucoepidermoide
- T2/STIR: Massa heterogênea, de margens mal definidas.
- DWI: Restrição significativa da difusão (alta celularidade).
- T1 Pós-Contraste: Realce intenso e irregular.
Adenocarcinoma e Carcinoma Adenoide Cístico
- T2/STIR: Lesão infiltrativa, hipo a iso-intensa.
- DWI: Restrição acentuada da difusão.
- T1 Pós-Contraste: Realce heterogêneo e realce perineural evidente.
5. Metástases e Linfomas
- T2/STIR: Lesões heterogêneas, hipointensas comparadas ao parênquima glandular normal.
- DWI: Restrição significativa da difusão.
- T1 Pós-Contraste: Realce variável, dependendo da origem tumoral.
4. Indicações Clínicas
- Investigação de massas nas glândulas salivares.
- Diferenciação entre tumores benignos e malignos.
- Pesquisa de sialolitíase e obstrução ductal.
- Avaliação da extensão perineural em tumores malignos.
- Monitoramento de resposta ao tratamento oncológico.
5. Preparação do Paciente
- Contraste: Indispensável para avaliação de tumores e inflamação glandular.
- Jejum: Recomendado de 4 horas antes do exame se houver administração de contraste.
- Histórico Clínico: Importante correlacionar com sintomas de dor, aumento de volume glandular, xerostomia e infecções recorrentes.
6. Destaques
- Sialografia por RM é essencial para avaliar obstruções ductais e sialolitíase.
- DWI auxilia na diferenciação entre lesões benignas e malignas.
- T1 pós-contraste permite avaliar a vascularização tumoral e extensão perineural.
- SWI pode ser útil para detectar calcificações em casos de sialolitíase e tumores ósseos.