Protocolo de Ressonância Magnética (RM) para Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS)
A ressonância magnética (RM) é um exame essencial para a avaliação anatômica da via aérea superior em pacientes com Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). A RM permite a análise detalhada da obstrução das vias aéreas, colapso faríngeo, hipertrofia de tecidos moles, alterações craniofaciais e deposição de gordura cervical, ajudando na escolha do melhor tratamento, seja clínico ou cirúrgico.
1. Posicionamento do Paciente
- Posição: Decúbito dorsal, com a cabeça em posição neutra.
- Coil: Bobina de cabeça e pescoço de múltiplos canais para melhor relação sinal-ruído.
- Imobilização: Uso de suporte cervical para evitar movimentação involuntária.
- Aquisição dinâmica (opcional): Pode ser realizada em vigília e sob sedação para simular o colapso da via aérea durante o sono.
2. Sequências de Exame e Parâmetros Técnicos
Sequência | Plano | TR/TE (ms) | Espessura (mm) | Observações |
---|---|---|---|---|
T1 Volumétrica (3D MPRAGE ou IR-SPGR) | Sagital | 1800-2500 / 2-5 | 1.0-1.2 | Avaliação anatômica da via aérea superior e tecidos moles. |
T2 Axial e Sagital | Axial e Sagital | 3000-4000 / 80-120 | 2-3 | Identificação de edema, hipertrofia de tecidos moles e colapso faríngeo. |
T2 STIR Axial e Sagital | Axial e Sagital | 4000-6000 / 50-80 | 2-3 | Melhor sequência para detectar edema faríngeo e hipertrofia de amígdalas. |
DWI (Diffusion-Weighted Imaging) e ADC | Axial | 4000-6000 / 70-100 | 2-3 | Avaliação de inflamação e difusão tecidual anormal. |
T1 Pós-Contraste (Gadolínio 0,1 mmol/kg) Axial e Sagital | Multiplanar | 500-700 / 10-15 | 2-3 | Avaliação de processos inflamatórios e tumores obstrutivos. |
Cine-RM (RM Dinâmica) | Sagital | Tempo dinâmico | 3-5 | Simulação do colapso da via aérea superior em diferentes fases respiratórias. |
3. Achados Característicos na SAOS
1. Obstrução e Colapso da Via Aérea
- T2/STIR: Hipertrofia de amígdalas palatinas e adenoide.
- T1 Volumétrico: Redução do calibre da via aérea, especialmente na região retrofaríngea.
- Cine-RM: Colapso dinâmico da faringe durante a inspiração.
2. Hipertrofia dos Tecidos Moles
- T2/STIR: Espessamento da base da língua e aumento de gordura parafaríngea.
- T1 Pós-Contraste: Realce em casos de inflamação crônica.
3. Alterações Craniofaciais Associadas
- T1 Volumétrico: Retrognatia mandibular e maxilar (Classe II de Angle).
- T2 Axial: Hipoplasia do palato duro e estreitamento das coanas.
4. Indicações Clínicas
- Investigação de SAOS em pacientes com sintomas persistentes e falha no tratamento clínico.
- Avaliação de pacientes candidatos a cirurgia para SAOS (uvulopalatofaringoplastia, avanço maxilomandibular).
- Diferenciação entre obstrução estrutural e dinâmica da via aérea.
- Pesquisa de tumores ou massas obstrutivas da nasofaringe e orofaringe.
5. Preparação do Paciente
- Contraste: Indicado apenas se houver suspeita de massas ou processos inflamatórios.
- Jejum: Recomendado de 4 horas antes do exame se houver administração de contraste.
- Histórico Clínico: Importante correlacionar com ronco, sonolência diurna, IMC, histórico de cirurgias e alterações craniofaciais.
- Sedação (Opcional): Pode ser realizada para simular o colapso da via aérea durante o sono.
6. Destaques
- Cine-RM é essencial para avaliar o colapso dinâmico da via aérea superior.
- T2 STIR detecta edema e hipertrofia de tecidos moles.
- T1 Volumétrico permite avaliar deformidades craniofaciais associadas à SAOS.
- DWI pode auxiliar na diferenciação entre inflamação e tecido tumoral.