Protocolo de Ressonância Magnética (RM) para Tumores do Nervo Óptico (Glioma, Meningioma, Schwannoma)
A ressonância magnética (RM) é o exame de escolha para a avaliação de tumores do nervo óptico, permitindo a diferenciação entre gliomas, meningiomas e schwannomas, além da detecção de compressões, infiltrações e extensão intracraniana. A RM é essencial para determinar o padrão de crescimento tumoral, envolvimento da órbita e do quiasma óptico, orientando o tratamento.
1. Posicionamento do Paciente
- Posição: Decúbito dorsal, com a cabeça imobilizada para minimizar artefatos de movimento.
- Coil: Bobina de crânio e órbita de múltiplos canais para melhor relação sinal-ruído.
- Imobilização: Uso de suportes laterais para evitar movimentação ocular involuntária.
2. Sequências de Exame e Parâmetros Técnicos
Sequência | Plano | TR/TE (ms) | Espessura (mm) | Observações |
---|---|---|---|---|
T1 Volumétrica (3D MPRAGE ou IR-SPGR) | Sagital | 1800-2500 / 2-5 | 1.0-1.2 | Avaliação anatômica detalhada do nervo óptico e quiasma. |
T2 Pesada | Axial e Coronal | 3000-4000 / 80-120 | 2-3 | Identificação de lesões expansivas e edema perilesional. |
FLAIR (Fluid-Attenuated Inversion Recovery) 3D | Axial | 8000-11000 / 120-140 | 1.0-1.2 | Avaliação de infiltração tumoral e glioses associadas. |
DWI (Diffusion-Weighted Imaging) e ADC | Axial | 4000-6000 / 70-100 | 2-3 | Diferenciação entre tumores agressivos e lesões benignas. |
SWI (Susceptibility-Weighted Imaging) ou T2* | Axial | 700-800 / 15-25 | 2-3 | Pesquisa de hemorragias, calcificações e depósitos férricos. |
T1 Pós-Contraste (Gadolínio 0,1 mmol/kg) | Axial, Coronal, Sagital | 500-700 / 10-15 | 3-5 | Avaliação do realce tumoral e extensão intracraniana. |
CISS/FIESTA 3D (T2 de Alta Resolução) | Axial e Coronal | 5000-7000 / 180-250 | 1.0 | Melhor visualização do trajeto do nervo óptico e sua relação com estruturas adjacentes. |
RM Espectroscopia (MRS - Magnetic Resonance Spectroscopy) | Single Voxel (Lesão e Controle) | 1500-2000 / 20-35 | 1-3 cm³ | Pico de colina elevado em tumores de alto grau. |
3. Achados Característicos nas Principais Neoplasias do Nervo Óptico
Glioma do Nervo Óptico
- T2/FLAIR: Aumento fusiforme do nervo óptico com hipersinal difuso.
- T1 Pós-Contraste: Realce heterogêneo leve a moderado, sem calcificações.
- DWI: Restrição variável dependendo da agressividade.
- MRS: Elevação de colina e redução de NAA.
Meningioma do Nervo Óptico
- T1 Pós-Contraste: Realce homogêneo, bem delimitado, com aspecto de "colar" ao redor do nervo óptico.
- T2: Hipersinal moderado, sem edema significativo.
- SWI: Pode mostrar calcificações intra-tumorais.
- DWI: Sem restrição significativa.
Schwannoma do Nervo Óptico
- T2: Lesão bem delimitada, isointensa à substância branca.
- T1 Pós-Contraste: Realce homogêneo ou heterogêneo, sem invasão do quiasma.
- DWI: Pode apresentar restrição leve.
- SWI: Pode demonstrar pequenos focos hemorrágicos.
4. Indicações Clínicas
- Investigação de perda visual progressiva unilateral ou bilateral.
- Diagnóstico diferencial entre glioma, meningioma e schwannoma do nervo óptico.
- Avaliação de compressões tumorais no quiasma óptico.
- Monitoramento da progressão tumoral em pacientes com neurofibromatose tipo 1 e 2.
- Diferenciação entre lesões inflamatórias, desmielinizantes e neoplásicas.
5. Preparação do Paciente
- Contraste: Indispensável para a avaliação da vascularização tumoral e diferenciação de lesões inflamatórias.
- Jejum: Recomendado de 4 horas antes do exame se houver administração de contraste.
- Histórico Clínico: Importante correlacionar com tempo de evolução da perda visual, dor ocular, histórico de neurofibromatose e outros sintomas neurológicos.
6. Destaques
- CISS/FIESTA 3D é essencial para avaliar o trajeto do nervo óptico e compressões sutis.
- T1 pós-contraste é fundamental para diferenciar meningiomas, gliomas e schwannomas.
- DWI auxilia na diferenciação de tumores agressivos e processos inflamatórios.
- MRS pode ajudar a diferenciar tumores de alto grau e lesões inflamatórias.