sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Protocolo de Ressonância Magnética (RM) para Disfunção da Articulação Temporomandibular (ATM)

 

Protocolo de Ressonância Magnética (RM) para Disfunção da Articulação Temporomandibular (ATM)

A ressonância magnética (RM) é o exame de escolha para a avaliação da disfunção da articulação temporomandibular (ATM), permitindo a detecção de alterações estruturais, deslocamento do disco articular, inflamação, derrame articular e degeneração óssea. A RM é essencial para diagnosticar desarranjos internos da ATM, orientar o tratamento e avaliar resposta terapêutica.


1. Posicionamento do Paciente

  • Posição: Decúbito dorsal, com a cabeça imobilizada para minimizar artefatos de movimento.
  • Coil: Bobina de cabeça de múltiplos canais para melhor relação sinal-ruído.
  • Imobilização: Uso de suportes laterais para estabilização da mandíbula.
  • Aquisição dinâmica: Exames devem ser realizados em boca fechada e boca aberta máxima, para avaliar a mobilidade do disco articular.

2. Sequências de Exame e Parâmetros Técnicos

Sequência Plano TR/TE (ms) Espessura (mm) Observações
T1 Sagital (Boca Fechada e Boca Aberta) Sagital 500-700 / 10-15 2-3 Avaliação anatômica da posição do disco articular e cabeças mandibulares.
T2 Sagital (Boca Fechada e Boca Aberta) Sagital 3000-4000 / 80-120 2-3 Identificação de derrame articular e edema ósseo.
T2 Axial Axial 3000-4000 / 80-120 2-3 Avaliação da simetria e do deslocamento condilar.
T2 STIR Coronal Coronal 4000-6000 / 50-80 2-3 Melhor sequência para inflamação da cápsula articular.
T1 Pós-Contraste (Gadolínio 0,1 mmol/kg) Sagital e Coronal Multiplanar 500-700 / 10-15 2-3 Avaliação de sinovite ativa e processo inflamatório crônico.

3. Achados Característicos na Disfunção da ATM

1. Deslocamento Anterior do Disco com Redução

  • T1 Sagital Boca Fechada: Disco articular deslocado anteriormente.
  • T1 Sagital Boca Aberta: Retorno do disco para sua posição normal.
  • T2: Sem sinais inflamatórios significativos.

2. Deslocamento Anterior do Disco sem Redução

  • T1 Sagital Boca Fechada: Disco deslocado anteriormente.
  • T1 Sagital Boca Aberta: Disco permanece deslocado, sem reposicionamento.
  • T2: Pode haver hiperintensidade, indicando sinovite e edema ósseo.

3. Derrame Articular e Inflamação Sinovial

  • T2/STIR: Hiperintensidade intra-articular, indicando líquido inflamatório.
  • T1 Pós-Contraste: Realce sinovial, sugerindo sinovite ativa.

4. Degeneração Óssea e Osteoartrite da ATM

  • T1 Sagital: Irregularidade na cabeça da mandíbula e redução do espaço articular.
  • T2 Axial: Hiperintensidade óssea em casos de edema e esclerose subcondral.
  • T1 Pós-Contraste: Pode haver realce inflamatório na cápsula articular.

4. Indicações Clínicas

  • Investigação de dor crônica na ATM e estalos articulares.
  • Diferenciação entre deslocamento do disco com ou sem redução.
  • Avaliação de processos inflamatórios e degenerativos da ATM.
  • Monitoramento da resposta ao tratamento conservador ou cirúrgico.

5. Preparação do Paciente

  • Contraste: Indicado em casos suspeitos de inflamação crônica ou artrite autoimune.
  • Jejum: Não necessário, exceto se houver uso de contraste.
  • Histórico Clínico: Importante correlacionar com sintomas de dor, limitação da abertura da boca e hábitos como bruxismo.

6. Destaques

  • T1 Sagital Boca Fechada e Aberta é essencial para diagnosticar deslocamento do disco.
  • T2 STIR é a melhor sequência para identificar inflamação da cápsula e derrame articular.
  • T1 pós-contraste pode diferenciar sinovite ativa de processos degenerativos crônicos.
  • Exames dinâmicos (boca aberta e fechada) são fundamentais para avaliar a mobilidade do disco articular.