Protocolo de Ressonância Magnética (RM) para Paralisia Facial e Neurite do VII Par Craniano
A ressonância magnética (RM) é o exame de escolha para a avaliação da paralisia facial e neurite do nervo facial (VII par craniano), permitindo a detecção de inflamações, compressões, tumores, infecções e outras causas estruturais que possam estar associadas à disfunção do nervo facial.
1. Posicionamento do Paciente
• Posição: Decúbito dorsal, com a cabeça imobilizada para minimizar artefatos de movimento.
• Coil: Bobina de crânio de múltiplos canais (mínimo de 8 canais) para melhor relação sinal-ruído.
• Imobilização: Almofadas laterais para estabilização da cabeça.
2. Sequências de Exame e Parâmetros Técnicos
Sequência |
Plano |
TR/TE (ms) |
Espessura (mm) |
Observações |
---|---|---|---|---|
T1 Volumétrica (3D MPRAGE ou IR-SPGR) |
Sagital |
1800-2500 / 2-5 |
1.0-1.2 |
Avaliação anatômica do tronco encefálico e nervos cranianos. |
T2 CISS/FIESTA (High-resolution T2) |
Axial e Coronal |
5000-7000 / 180-250 |
1.0 |
Melhor visualização do nervo facial e suas porções intracanalicular, cisternal e labiríntica. |
FLAIR (Fluid-Attenuated Inversion Recovery) 3D |
Axial |
8000-11000 / 120-140 |
1.0-1.2 |
Detecta áreas de inflamação e infiltração. |
DWI (Diffusion-Weighted Imaging) e ADC |
Axial |
4000-6000 / 70-100 |
3-5 |
Diferencia neurite viral de lesões isquêmicas. |
T1 Pós-Contraste (Gadolínio 0,1 mmol/kg) |
Axial, Coronal |
500-700 / 10-15 |
3-5 |
Avaliação de realce do nervo facial na porção labiríntica e intracanalicular (sugestivo de neurite inflamatória). |
3. Achados Característicos nas Principais Causas de Paralisia Facial
Paralisia de Bell (Idiopática)
• T1 Pós-Contraste: Realce intenso do nervo facial na porção labiríntica e mastoidea.
• T2 CISS/FIESTA: Nervo facial geralmente sem espessamento.
Neurite do VII Par Craniano (Viral, Pós-Infecciosa)
• T1 Pós-Contraste: Realce difuso do nervo facial.
• FLAIR: Hiperintensidade no trajeto do nervo, sugerindo inflamação.
• DWI: Sem restrição, ajudando a excluir infarto do tronco encefálico.
Schwannoma do Nervo Facial
• T1 Pós-Contraste: Lesão nodular com realce homogêneo ao longo do trajeto do nervo.
• T2 CISS/FIESTA: Expansão do canal facial e possível compressão de estruturas adjacentes.
Síndrome de Ramsay Hunt (Herpes Zoster Ótico)
• T1 Pós-Contraste: Realce intenso do nervo facial, gânglio geniculado e labirinto.
• FLAIR: Pode demonstrar edema no tronco encefálico e no nervo vestibulococlear.
Paralisia Facial por Tumores da Base do Crânio
• T1 Pós-Contraste: Presença de massas expansivas (meningiomas, schwannomas, carcinomas).
• T2 CISS/FIESTA: Mostra compressão ou deslocamento do nervo facial.
Infarto do Tronco Encefálico com Envolvimento do VII Par
• DWI: Restrição à difusão na ponte ou bulbo.
• FLAIR: Hiperintensidade na região isquêmica.
4. Indicações Clínicas
• Investigação de paralisia facial súbita ou progressiva.
• Diagnóstico diferencial entre neurite viral, compressões tumorais e infarto do tronco encefálico.
• Monitoramento de resposta ao tratamento em paralisia facial inflamatória ou infecciosa.
• Pesquisa de schwannomas, meningiomas ou lesões infiltrativas do nervo facial.
5. Preparação do Paciente
• Contraste: Indispensável para avaliar inflamações e tumores do nervo facial.
• Jejum: Recomendado de 4 horas antes do exame se houver administração de contraste.
• Histórico Clínico: Importante correlacionar com sintomas, tempo de evolução, presença de vesículas auriculares (Ramsay Hunt), cefaleia e déficits neurológicos associados.
6. Destaques
• T2 CISS/FIESTA é a sequência mais importante para visualizar o nervo facial.
• T1 pós-contraste é essencial para avaliar neurites e schwannomas.
• DWI diferencia neurites inflamatórias de infartos pontinos.
• FLAIR auxilia na detecção de edema em neurites ou encefalites associadas.