quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

REED em Pediatria

 Exame Contrastado do Esôfago, Estômago e Duodeno em Pediatria: Protocolo e Orientações


O estudo contrastado do esôfago, estômago e duodeno (ESD) em pediatria é um exame dinâmico realizado sob fluoroscopia para avaliar o trato gastrointestinal superior. Ele é usado para identificar alterações anatômicas, obstruções, refluxo gastroesofágico (RGE), hérnias e outras condições que afetam essas estruturas.


1. Indicações do Exame

Refluxo Gastroesofágico (RGE):

Investigação de sintomas como regurgitação, vômitos recorrentes ou aspiração pulmonar.

Estreitamento ou Obstrução:

Avaliação de atresias, estenoses ou compressões externas.

Anomalias Congênitas:

Hérnias diafragmáticas, má-rotação intestinal, membranas duodenais.

Distúrbios Funcionais:

Avaliação de motilidade esofágica e esvaziamento gástrico.

Suspeita de Fístula ou Perfuração.

Corpos Estranhos:

Localização de objetos ingeridos.


2. Contraindicações

Perfuração Suspeita:

Utilizar contraste iodado hidrossolúvel em vez de bário.

Instabilidade Clínica:

Pacientes hemodinamicamente instáveis devem ser estabilizados antes do exame.

Alergia ao Contraste:

Avaliar histórico de alergias ao contraste iodado ou outros agentes.


3. Preparação do Paciente


a. Orientações para os Pais/Responsáveis

Explicar o procedimento e sua importância.

Ressaltar que o exame é seguro e realizado sob fluoroscopia em tempo real.


b. Jejum

Idade e Tempo de Jejum:

Lactentes (<1 ano): 2 a 3 horas de jejum.

Crianças maiores: 4 a 6 horas de jejum.

Objetivo: Esvaziar o estômago para evitar regurgitação e garantir imagens de qualidade.


c. Medicações

Antiespasmódicos:

Podem ser administrados para reduzir movimentos peristálticos excessivos, se necessário.

Medicações Regulares:

Manter medicações usuais, salvo contraindicações.


d. Higiene

Garantir que a criança esteja limpa e confortável antes do exame.


e. Vestuário

Roupas confortáveis, sem partes metálicas.

Remoção de joias, piercings ou outros acessórios metálicos.


4. Materiais Necessários


a. Equipamentos

Fluoroscópio Digital:

Com capacidade para captar imagens em tempo real e gravar sequências dinâmicas.

Sistema PACS:

Para armazenamento e análise das imagens.


b. Contraste

1. Sulfato de Bário (Baritado):

Usado na maioria dos casos para visualização detalhada.

Concentração: 30-50% (ajustada para crianças).

Volume: Aproximadamente 1 a 3 mL/kg de peso corporal.

2. Contraste Iodado Hidrossolúvel:

Usado em casos de suspeita de perfuração ou fístula.

Exemplos: Gastrografin® ou Omnipaque®.


c. Acessórios

Seringas ou copos para administração do contraste.

Mamadeiras ou sondas orogástricas, se necessário.

Lençóis e aventais para manter o paciente limpo.


5. Procedimento do Exame


a. Posicionamento Inicial

1. Decúbito Dorsal:

Posicionamento inicial para avaliação basal do esôfago e estômago.

2. Mudança de Posições:

Decúbito lateral, ventral ou Trendelenburg para melhor visualização do refluxo ou anatomia.


b. Administração do Contraste

1. Via Oral:

Oferecer o contraste em mamadeira, copo ou colher, dependendo da idade e colaboração.

2. Via Sonda Nasogástrica:

Indicada em lactentes ou crianças incapazes de ingerir o contraste voluntariamente.

Administrar lentamente para evitar regurgitação.


c. Aquisição de Imagens

1. Esôfago:

Capturar imagens durante a deglutição do contraste para avaliar:

Motilidade esofágica.

Presença de estenoses, fístulas ou refluxo.

2. Estômago:

Avaliar o enchimento gástrico, paredes gástricas e a presença de massas ou hérnias.

3. Duodeno:

Acompanhar o trânsito do contraste através do piloro e no duodeno para identificar obstruções ou malformações.

4. Refluxo Gastroesofágico:

Posicionar a criança em Trendelenburg ou decúbito lateral para estimular o refluxo, se necessário.


6. Pós-Exame


a. Cuidados Imediatos

Higienizar a região oral e corporal para remover resíduos de contraste.

Observar sinais de regurgitação ou desconforto.


b. Orientações para os Pais

Hidratação:

Incentivar a ingestão de líquidos para facilitar a eliminação do contraste.

Fezes Alteradas:

Informar que as fezes podem apresentar coloração esbranquiçada ou amarelada devido ao bário.


c. Retorno à Rotina

A criança pode retornar às suas atividades habituais logo após o exame.


7. Considerações Técnicas


a. Avaliações Específicas

1. Motilidade Esofágica:

Verificar o padrão de trânsito do contraste pelo esôfago.

2. Refluxo Gastroesofágico:

Avaliar a presença e o grau do refluxo.

3. Obstruções:

Identificar áreas de estenose ou compressão extrínseca.

4. Anatomia Gástrica e Duodenal:

Avaliar o formato, o esvaziamento gástrico e a continuidade duodenal.


b. Dose de Radiação

Ajustar os parâmetros (kVp e mAs) para minimizar a exposição à radiação, respeitando os protocolos pediátricos.


8. Resultados e Relatório


a. Parâmetros Avaliados

Anatomia e função do esôfago, estômago e duodeno.

Presença de alterações, como refluxo, obstruções ou malformações.

Trânsito do contraste e motilidade gastrointestinal.


b. Comunicação dos Resultados

O relatório deve descrever:

Padrão de trânsito do contraste.

Identificação de anormalidades anatômicas ou funcionais.

Conclusões diagnósticas e recomendações.


9. Considerações Finais


a. Atendimento Humanizado

Garantir que a criança se sinta confortável durante todo o procedimento.

Permitir a presença de um responsável na sala, sempre que possível.


b. Segurança Radiológica

Utilizar colimação e técnicas de redução de dose para minimizar a exposição à radiação.


c. Educação dos Pais

Explicar os achados do exame e os próximos passos, conforme necessário.


Nota: Este protocolo é um guia geral e pode variar conforme os protocolos institucionais e as características individuais do paciente. A realização do estudo contrastado do esôfago, estômago e duodeno em pediatria exige experiência e cuidado para garantir a segurança e a qualidade diagnóstica.