Fistulografia no Adulto: Protocolo e Orientações
A fistulografia é um exame contrastado realizado sob fluoroscopia para avaliar trajetos fistulosos, suas conexões com órgãos internos e estruturas adjacentes. É frequentemente utilizada para investigar fístulas cutâneas, perianais ou pós-cirúrgicas.
1. Indicações do Exame
• Fístulas Cutâneas ou Perianais:
• Avaliação de trajetos fistulosos e possíveis comunicações com o intestino, bexiga ou outros órgãos.
• Fístulas Pós-Cirúrgicas:
• Investigação de complicações como fístulas após cirurgias abdominais.
• Fístulas Traumáticas:
• Diagnóstico de fístulas formadas após trauma.
• Fístulas Enterocutâneas ou Enterovesicais:
• Avaliação de conexões anormais entre intestino, bexiga e pele.
• Abscessos Associados:
• Identificação de coleções ou trajetos secundários.
2. Contraindicações
• Infecção Ativa Grave:
• Evitar a realização do exame em presença de abscesso não drenado ou infecção extensa.
• Perfuração Suspeita:
• Avaliar o uso de contraste iodado hidrossolúvel em vez de bário.
• Hipersensibilidade ao Contraste:
• Avaliar histórico de alergias ao contraste iodado.
• Gestação:
• Evitar a exposição à radiação, salvo em situações de absoluta necessidade.
3. Preparação do Paciente
a. Orientações ao Paciente
• Explicar o objetivo do exame e que será utilizado contraste para preencher o trajeto fistuloso.
• Informar sobre possíveis desconfortos leves durante o procedimento, como pressão local.
b. Jejum
• Não é necessário jejum, salvo indicação específica para associação com outros exames.
c. Higiene
• Preparação Local:
• Garantir que a área ao redor do trajeto fistuloso esteja limpa antes do exame.
• Antissepsia:
• Será realizada no local do trajeto fistuloso antes da injeção do contraste.
d. Medicações
• Profilaxia Antibiótica:
• Pode ser indicada em casos de infecções associadas ou risco de bacteremia.
• Medicações de Rotina:
• Podem ser mantidas, salvo orientação contrária.
4. Materiais Necessários
a. Equipamentos
• Aparelho de fluoroscopia digital com captação em tempo real.
• Sistema de armazenamento PACS para análise posterior.
b. Contraste
• Contraste Iodado Hidrossolúvel:
• Preferido para evitar complicações em casos de extravasamento.
• Ex.: Gastrografin® ou Omnipaque®.
• Sulfato de Bário:
• Pode ser utilizado em situações sem suspeita de perfuração ou abscesso.
c. Acessórios
• Seringas de 10-20 mL.
• Cateteres ou cânulas adequados ao trajeto fistuloso.
• Compressas, luvas estéreis e solução antisséptica.
• Lubrificante hidrossolúvel.
5. Procedimento do Exame
a. Posicionamento do Paciente
1. Conforme Localização da Fístula:
• Paciente em decúbito dorsal, ventral ou lateral, conforme necessário.
2. Imobilização:
• Garantir que o paciente esteja confortável e imóvel para evitar movimentação durante o exame.
b. Preparação Local
1. Antissepsia:
• Realizar limpeza da área ao redor do orifício fistuloso com solução antisséptica.
2. Inserção de Cânula ou Cateter:
• Introduzir delicadamente a cânula ou cateter no orifício externo da fístula.
c. Administração do Contraste
1. Injeção Lenta:
• Injetar o contraste lentamente enquanto monitora sua progressão sob fluoroscopia.
2. Volume:
• Geralmente, 5-20 mL, dependendo do tamanho e extensão do trajeto fistuloso.
3. Pressão Controlada:
• Evitar injeção com pressão excessiva para prevenir extravasamento ou desconforto.
d. Aquisição de Imagens
1. Imagens Dinâmicas:
• Capturar imagens durante a injeção para visualizar o trajeto e possíveis conexões.
2. Posições Alternativas:
• Alterar o posicionamento do paciente, se necessário, para melhor visualização de trajetos complexos.
3. Imagens Tardias:
• Realizar radiografias adicionais, se necessário, para avaliar drenagem ou refluxo do contraste.
6. Pós-Exame
a. Cuidados Imediatos
• Higiene Local:
• Limpar o orifício fistuloso e a pele ao redor para remover resíduos de contraste.
• Compressa Estéril:
• Cobrir o orifício com uma compressa para evitar contaminação.
b. Observação de Reações Adversas
• Comuns:
• Desconforto leve ou sensação de pressão na área do trajeto.
• Graves (raras):
• Dor persistente, febre ou sinais de reação alérgica ao contraste.
c. Retorno às Atividades
• O paciente pode retornar às suas atividades habituais após o exame.
7. Considerações Técnicas
a. Avaliações Específicas
1. Trajeto Fistuloso:
• Identificar a extensão, largura e direções secundárias do trajeto.
2. Conexões Anormais:
• Avaliar comunicação com outros órgãos, como intestino, bexiga ou abscessos.
3. Abscessos Associados:
• Identificar coleções ou trajetos adicionais.
b. Redução da Radiação
• Ajustar os parâmetros técnicos (kVp e mAs) para minimizar a exposição à radiação.
8. Resultados e Relatório
a. Parâmetros Avaliados
• Localização e extensão do trajeto fistuloso.
• Conexões com órgãos internos ou cavidades.
• Presença de abscessos ou coleções associadas.
b. Comunicação dos Resultados
• O relatório deve incluir:
• Descrição do trajeto fistuloso.
• Comunicação com estruturas adjacentes.
• Presença de obstruções, extravasamento ou coleções.
• Conclusões diagnósticas e possíveis recomendações.
9. Considerações Finais
a. Atendimento Humanizado
• Garantir que o paciente se sinta confortável e esclarecido sobre o procedimento.
• Oferecer suporte emocional em casos de ansiedade ou desconforto.
b. Educação do Paciente
• Explicar os achados preliminares, se possível.
• Orientar sobre cuidados locais e sintomas que exigem atenção médica.
c. Segurança
• Realizar o exame em ambiente controlado, com equipe capacitada para lidar com possíveis complicações.
Nota: Este protocolo pode ser adaptado conforme as condições clínicas do paciente e os protocolos institucionais. A realização da fistulografia no adulto exige precisão técnica e monitoramento cuidadoso para garantir um exame eficaz e seguro.