quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Sialografia no Adulto

 Sialografia no Adulto: Protocolo e Orientações


sialografia é um exame contrastado realizado para avaliar as glândulas salivares principais (parótidas e submandibulares) e seus ductos excretores. O exame é útil para identificar obstruções, cálculos, estenoses, inflamações e massas. Ele é realizado com a administração de contraste diretamente no ducto salivar e imagens sob fluoroscopia ou radiografia convencional.


1. Indicações do Exame

Obstruções Ductais:

Suspeita de cálculos salivares (sialolitíase).

Inflamações:

Sialoadenite aguda ou crônica.

Síndrome de Sjögren:

Avaliação de alterações no parênquima glandular.

Cistos e Massas:

Diagnóstico de lesões ou tumores dentro ou ao redor das glândulas salivares.

Alterações Pós-Cirúrgicas ou Traumáticas:

Avaliação de estenoses ou fístulas ductais.


2. Contraindicações

Alergia ao Contraste:

História de hipersensibilidade ao contraste iodado.

Infecção Aguda:

Sialoadenite ativa; o exame deve ser adiado até resolução da infecção.

Obstrução Total do Ducto:

Impossibilidade de injetar contraste.

Perfuração ou Fístula:

Evitar em casos de perfuração glandular ou ductal.


3. Preparação do Paciente


a. Orientações ao Paciente

Explicar o objetivo do exame e que o contraste será administrado diretamente no ducto salivar.

Informar sobre possíveis desconfortos durante a inserção do cateter e a injeção do contraste.


b. Jejum

Não é necessário jejum, salvo indicação para exames combinados.


c. Higiene Oral

Recomendar higiene bucal adequada antes do exame.

Antissepsia oral será realizada no local.


d. Medicações

Profilaxia Antibiótica:

Pode ser considerada em pacientes com histórico de infecções recorrentes.

Medicações Regulares:

Manter medicamentos habituais, salvo contraindicação.


e. Exame Prévio

Radiografia simples ou tomografia para avaliação inicial, especialmente em casos de suspeita de sialolitíase.


4. Materiais Necessários


a. Equipamentos

Aparelho de fluoroscopia digital para imagens em tempo real.

Sistema de arquivamento PACS para revisão das imagens.


b. Contraste

Contraste Iodado Hidrossolúvel:

Preferido por ser seguro em casos de extravasamento.

Exemplos: Gastrografin® ou Omnipaque®.

Concentração: 50–100 mg/mL.


c. Dispositivos

Cateteres ou cânulas específicos para sialografia.

Seringas de 2-5 mL para administração do contraste.

Pinças, espátulas e compressas para manipulação intraoral.

Solução antisséptica e lubrificante hidrossolúvel.


5. Procedimento do Exame


a. Posicionamento do Paciente

1. Conforme a Glândula Avaliada:

Paciente em posição sentada ou semi-supina.

2. Ajuste da Cabeça:

Inclinação adequada para facilitar o acesso ao ducto.


b. Preparação Local

1. Antissepsia:

Limpar a cavidade oral e a abertura ductal com solução antisséptica.

2. Estimulação Inicial:

Pedir que o paciente chupe um limão ou bala ácida para abrir o ducto.


c. Cateterização do Ducto

1. Identificação do Óstio:

Usar espátula ou pinça para visualizar o óstio ductal.

2. Inserção da Cânula:

Introduzir delicadamente o cateter no ducto salivar.

3. Fixação:

Fixar o cateter no local para evitar deslocamento durante o exame.


d. Administração do Contraste

1. Injeção Lenta:

Injetar o contraste lentamente para evitar extravasamento.

2. Volume:

Geralmente, 0,5-2 mL, dependendo do tamanho da glândula.

3. Monitoramento em Tempo Real:

Observar a progressão do contraste sob fluoroscopia.


e. Aquisição de Imagens

1. Imagens Dinâmicas:

Capturar imagens durante a injeção do contraste.

2. Imagens em Diferentes Projeções:

Alterar o posicionamento da cabeça para avaliar todo o trajeto ductal.

3. Imagens Pós-Contraste:

Realizar radiografias adicionais após a drenagem do contraste.


6. Pós-Exame


a. Cuidados Imediatos

Higiene Bucal:

Enxaguar a boca para remover resíduos de contraste.

Estimulação Salivar:

Pedir ao paciente para chupar um limão ou bala ácida para promover a drenagem do contraste.


b. Observação de Reações Adversas

Sintomas Comuns:

Leve desconforto ou edema transitório na glândula.

Reações Graves (raras):

Dor intensa, febre ou sinais de infecção.


c. Retorno às Atividades

O paciente pode retornar às atividades habituais logo após o exame.


7. Considerações Técnicas


a. Avaliação Específica

1. Sialolitíase:

Identificar cálculos e suas localizações no ducto ou na glândula.

2. Inflamações e Estenoses:

Avaliar dilatações proximais e estreitamentos no ducto.

3. Parênquima Glandular:

Observar alterações no preenchimento do parênquima salivar.

4. Trajetos Fístulosos:

Identificar comunicações anormais.


b. Redução da Radiação

Ajustar os parâmetros técnicos (kVp e mAs) para minimizar a exposição à radiação.


8. Resultados e Relatório


a. Parâmetros Avaliados

Trajeto e calibre dos ductos salivares.

Presença de cálculos, estenoses ou obstruções.

Alterações no parênquima glandular.

Comunicação anormal com outras estruturas (fístulas).


b. Comunicação dos Resultados

O relatório deve incluir:

Descrição da anatomia ductal e glandular.

Alterações detectadas, como cálculos, dilatações ou estreitamentos.

Conclusão diagnóstica e recomendações.


9. Considerações Finais


a. Atendimento Humanizado

Garantir que o paciente se sinta confortável e informado durante todo o procedimento.

Oferecer suporte emocional em casos de ansiedade ou desconforto.


b. Educação do Paciente

Orientar sobre cuidados após o exame e sinais de complicações, como dor intensa ou febre.

Explicar os achados preliminares, se possível.


c. Segurança

Realizar o procedimento com técnica estéril para evitar infecções.

Monitorar o paciente em caso de histórico de reações adversas.


Nota: Este protocolo pode ser adaptado conforme os protocolos institucionais e as condições clínicas do paciente. A realização da sialografia no adulto exige técnica precisa e monitoramento cuidadoso para garantir um exame eficaz e seguro.