Sialografia no Adulto: Protocolo e Orientações
A sialografia é um exame contrastado realizado para avaliar as glândulas salivares principais (parótidas e submandibulares) e seus ductos excretores. O exame é útil para identificar obstruções, cálculos, estenoses, inflamações e massas. Ele é realizado com a administração de contraste diretamente no ducto salivar e imagens sob fluoroscopia ou radiografia convencional.
1. Indicações do Exame
• Obstruções Ductais:
• Suspeita de cálculos salivares (sialolitíase).
• Inflamações:
• Sialoadenite aguda ou crônica.
• Síndrome de Sjögren:
• Avaliação de alterações no parênquima glandular.
• Cistos e Massas:
• Diagnóstico de lesões ou tumores dentro ou ao redor das glândulas salivares.
• Alterações Pós-Cirúrgicas ou Traumáticas:
• Avaliação de estenoses ou fístulas ductais.
2. Contraindicações
• Alergia ao Contraste:
• História de hipersensibilidade ao contraste iodado.
• Infecção Aguda:
• Sialoadenite ativa; o exame deve ser adiado até resolução da infecção.
• Obstrução Total do Ducto:
• Impossibilidade de injetar contraste.
• Perfuração ou Fístula:
• Evitar em casos de perfuração glandular ou ductal.
3. Preparação do Paciente
a. Orientações ao Paciente
• Explicar o objetivo do exame e que o contraste será administrado diretamente no ducto salivar.
• Informar sobre possíveis desconfortos durante a inserção do cateter e a injeção do contraste.
b. Jejum
• Não é necessário jejum, salvo indicação para exames combinados.
c. Higiene Oral
• Recomendar higiene bucal adequada antes do exame.
• Antissepsia oral será realizada no local.
d. Medicações
• Profilaxia Antibiótica:
• Pode ser considerada em pacientes com histórico de infecções recorrentes.
• Medicações Regulares:
• Manter medicamentos habituais, salvo contraindicação.
e. Exame Prévio
• Radiografia simples ou tomografia para avaliação inicial, especialmente em casos de suspeita de sialolitíase.
4. Materiais Necessários
a. Equipamentos
• Aparelho de fluoroscopia digital para imagens em tempo real.
• Sistema de arquivamento PACS para revisão das imagens.
b. Contraste
• Contraste Iodado Hidrossolúvel:
• Preferido por ser seguro em casos de extravasamento.
• Exemplos: Gastrografin® ou Omnipaque®.
• Concentração: 50–100 mg/mL.
c. Dispositivos
• Cateteres ou cânulas específicos para sialografia.
• Seringas de 2-5 mL para administração do contraste.
• Pinças, espátulas e compressas para manipulação intraoral.
• Solução antisséptica e lubrificante hidrossolúvel.
5. Procedimento do Exame
a. Posicionamento do Paciente
1. Conforme a Glândula Avaliada:
• Paciente em posição sentada ou semi-supina.
2. Ajuste da Cabeça:
• Inclinação adequada para facilitar o acesso ao ducto.
b. Preparação Local
1. Antissepsia:
• Limpar a cavidade oral e a abertura ductal com solução antisséptica.
2. Estimulação Inicial:
• Pedir que o paciente chupe um limão ou bala ácida para abrir o ducto.
c. Cateterização do Ducto
1. Identificação do Óstio:
• Usar espátula ou pinça para visualizar o óstio ductal.
2. Inserção da Cânula:
• Introduzir delicadamente o cateter no ducto salivar.
3. Fixação:
• Fixar o cateter no local para evitar deslocamento durante o exame.
d. Administração do Contraste
1. Injeção Lenta:
• Injetar o contraste lentamente para evitar extravasamento.
2. Volume:
• Geralmente, 0,5-2 mL, dependendo do tamanho da glândula.
3. Monitoramento em Tempo Real:
• Observar a progressão do contraste sob fluoroscopia.
e. Aquisição de Imagens
1. Imagens Dinâmicas:
• Capturar imagens durante a injeção do contraste.
2. Imagens em Diferentes Projeções:
• Alterar o posicionamento da cabeça para avaliar todo o trajeto ductal.
3. Imagens Pós-Contraste:
• Realizar radiografias adicionais após a drenagem do contraste.
6. Pós-Exame
a. Cuidados Imediatos
• Higiene Bucal:
• Enxaguar a boca para remover resíduos de contraste.
• Estimulação Salivar:
• Pedir ao paciente para chupar um limão ou bala ácida para promover a drenagem do contraste.
b. Observação de Reações Adversas
• Sintomas Comuns:
• Leve desconforto ou edema transitório na glândula.
• Reações Graves (raras):
• Dor intensa, febre ou sinais de infecção.
c. Retorno às Atividades
• O paciente pode retornar às atividades habituais logo após o exame.
7. Considerações Técnicas
a. Avaliação Específica
1. Sialolitíase:
• Identificar cálculos e suas localizações no ducto ou na glândula.
2. Inflamações e Estenoses:
• Avaliar dilatações proximais e estreitamentos no ducto.
3. Parênquima Glandular:
• Observar alterações no preenchimento do parênquima salivar.
4. Trajetos Fístulosos:
• Identificar comunicações anormais.
b. Redução da Radiação
• Ajustar os parâmetros técnicos (kVp e mAs) para minimizar a exposição à radiação.
8. Resultados e Relatório
a. Parâmetros Avaliados
• Trajeto e calibre dos ductos salivares.
• Presença de cálculos, estenoses ou obstruções.
• Alterações no parênquima glandular.
• Comunicação anormal com outras estruturas (fístulas).
b. Comunicação dos Resultados
• O relatório deve incluir:
• Descrição da anatomia ductal e glandular.
• Alterações detectadas, como cálculos, dilatações ou estreitamentos.
• Conclusão diagnóstica e recomendações.
9. Considerações Finais
a. Atendimento Humanizado
• Garantir que o paciente se sinta confortável e informado durante todo o procedimento.
• Oferecer suporte emocional em casos de ansiedade ou desconforto.
b. Educação do Paciente
• Orientar sobre cuidados após o exame e sinais de complicações, como dor intensa ou febre.
• Explicar os achados preliminares, se possível.
c. Segurança
• Realizar o procedimento com técnica estéril para evitar infecções.
• Monitorar o paciente em caso de histórico de reações adversas.
Nota: Este protocolo pode ser adaptado conforme os protocolos institucionais e as condições clínicas do paciente. A realização da sialografia no adulto exige técnica precisa e monitoramento cuidadoso para garantir um exame eficaz e seguro.