sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Protocolo de Angiotomografia Venosa do Abdome Superior

 

Protocolo de Angiotomografia Venosa do Abdome Superior


A angiotomografia venosa (Angio-TC) do abdome superior é um exame de alta resolução utilizado para a avaliação detalhada da circulação venosa abdominal, sendo essencial para a investigação de tromboses, estenoses, compressões venosas, varizes, fístulas e anomalias vasculares congênitas ou adquiridas.

1. Indicações

Trombose venosa portal e mesentérica.

Síndrome de Budd-Chiari (trombose das veias hepáticas).

Trombose da veia cava inferior.

Síndrome do quebra-nozes (compressão da veia renal esquerda).

Síndrome de May-Thurner (compressão da veia ilíaca comum esquerda).

Hipertensão portal e circulação colateral.

Varizes esofágicas, gástricas e periesplênicas.

Fístulas arteriovenosas e malformações vasculares.

Planejamento cirúrgico de shunts portossistêmicos (TIPS).

2. Posicionamento do Paciente

Decúbito dorsal, com os braços elevados acima da cabeça para evitar artefatos.

Respiração em apneia inspiratória para minimizar artefatos de movimento.

Imobilização do paciente para garantir melhor qualidade das imagens.

3. Protocolo de Aquisição

Parâmetro

Configuração Recomendada

Aquisição

Helicoidal Multi-Slice (64 canais ou superior)

Espessura de Corte

0,5 – 1,0 mm (para reconstruções detalhadas)

Campo de Visão (FOV)

Ajustado para incluir fígado, baço, veia cava inferior e veias renais

Contraste IV

80-120 mL de iodo não iônico (300-350 mg/mL)

Taxa de Infusão

4-5 mL/s com bolus tracking na veia porta ou hepática

Tempo de Aquisição

Fase venosa tardia (~60-70 s após início da injeção)

Plano de Aquisição

Axial nativo, com reconstruções multiplanares (MPR) em coronal e sagital

Janela Vascular

600/150 HU

Janela de Tecidos Moles

400/40 HU

4. Uso de Contraste

Administração de contraste iodado intravenoso através de um acesso periférico, preferencialmente em veia antecubital.

Protocolo de bolus tracking na veia porta ou hepática para sincronização ideal da fase venosa.

Aquisição das imagens entre 60-70 segundos após início da injeção para melhor realce das estruturas venosas abdominais.

Em casos de suspeita de fístulas ou refluxo venoso patológico, pode ser realizada aquisição dinâmica.

5. Reconstruções

Tipo de Reconstrução

Finalidade

MPR (Multiplanar Reconstructions)

Avaliação detalhada do trajeto venoso nos planos axial, coronal e sagital

MIP (Maximum Intensity Projection)

Destaque para tromboses, estenoses e circulação colateral

3D Volume Rendering

Planejamento cirúrgico e avaliação de compressões venosas

Curved Planar Reconstructions (CPR)

Melhor visualização da anatomia venosa tortuosa

6. Principais Achados


Tromboses e Estenoses Venosas

Trombose da veia porta: falha de enchimento luminal, dilatação de colaterais portossistêmicas.

Trombose das veias hepáticas (Síndrome de Budd-Chiari): hepatomegalia, congestão hepática, circulação colateral.

Trombose da veia cava inferior: falha de enchimento com presença de circulação colateral abdominal.

Estenoses venosas: redução do calibre da veia devido a compressão extrínseca ou trombose residual.


Síndromes Compressivas Venosas

Síndrome do quebra-nozes: compressão da veia renal esquerda entre a aorta e a artéria mesentérica superior.

Síndrome de May-Thurner: compressão da veia ilíaca comum esquerda pela artéria ilíaca comum direita, predispondo à trombose.


Hipertensão Portal e Circulação Colateral

Varizes esofágicas e gástricas: vasos colaterais dilatados no esôfago e fundo gástrico.

Shunts espontâneos: comunicação portossistêmica alternativa para reduzir pressão portal.

Aumento do diâmetro da veia esplênica e da veia porta.


Fístulas e Malformações Vasculares

Fístulas arteriovenosas: comunicação direta entre artérias e veias abdominais.

Malformações venosas congênitas: trajetos venosos aberrantes com enchimento precoce.


Alterações Pós-Cirúrgicas e Pós-Procedimentos

Monitoramento de shunts portossistêmicos (TIPS).

Avaliação de permeabilidade de enxertos venosos e tromboses pós-cirúrgicas.

Complicações de transplante hepático, como estenoses e tromboses venosas.

7. Preparo do Paciente

Jejum de 4 horas para exames com contraste.

Hidratação prévia para reduzir impacto do contraste iodado.

Evitar uso de substâncias vasoconstritoras antes do exame (exemplo: cafeína, nicotina).

Preenchimento do questionário de segurança para contraste (avaliação de alergias e função renal).

8. Considerações Adicionais

A TC tridimensional (3D Volume Rendering) é essencial para planejamento cirúrgico e guias endovasculares.

A angio-RM pode ser uma alternativa para pacientes com contraindicação ao contraste iodado.

Comparação com exames prévios (Doppler venoso, RM) auxilia no diagnóstico diferencial.