Protocolo de Ressonância Magnética para Avaliação da Síndrome da Veia Cava Superior (SVCS)
A ressonância magnética (RM), especialmente a angiografia por ressonância magnética (MRA), é um exame essencial para a avaliação da Síndrome da Veia Cava Superior (SVCS), permitindo a identificação da causa da obstrução, caracterização do grau de estenose ou oclusão, presença de circulação colateral e extensão da compressão vascular. A RM é frequentemente utilizada quando a tomografia computadorizada (TC) ou a ultrassonografia não são conclusivas.
1. Indicações
• Suspeita de obstrução parcial ou total da veia cava superior.
• Diferenciação entre compressão extrínseca e trombose intraluminal.
• Avaliação de circulação colateral.
• Determinação da relação da veia cava superior com tumores mediastinais ou linfadenopatias.
• Planejamento de tratamento cirúrgico ou endovascular (stents, angioplastia).
• Monitoramento pós-tratamento (cirurgia, trombólise, radioterapia).
2. Posicionamento do Paciente
• Decúbito dorsal, com os braços ao lado do corpo ou elevados acima da cabeça (se possível, para reduzir artefatos).
• Uso de bobina de tórax de alta resolução.
• Respiração controlada ou aquisição em apneia para minimizar artefatos de movimento.
• Sincronização com ECG, se necessário, para otimizar a visualização do fluxo sanguíneo.
3. Sequências e Parâmetros Técnicos
Sequência |
Plano |
Parâmetros Principais |
Finalidade |
---|---|---|---|
T1 SE |
Axial e Sagital |
TR/TE ~600/10 ms |
Avaliação anatômica e diferenciação entre gordura, tecidos sólidos e líquidos |
T2 FSE com supressão de gordura (FatSat ou STIR) |
Axial e Coronal |
TR/TE ~4000-5000/80-100 ms |
Identificação de edema perivascular, trombose ou compressão extrínseca |
3D TOF MRA (Angio-RM Time-of-Flight, sem contraste) |
Axial e Sagital |
Alta resolução |
Avaliação do fluxo sanguíneo e extensão da obstrução |
CE-MRA (Angio-RM com contraste - Gadolínio) |
Axial e Coronal |
Alta resolução |
Avaliação da anatomia vascular, trombose, estenose e circulação colateral |
4D Flow RM (Opcional, quando disponível) |
Axial e Sagital |
Mapeamento do fluxo sanguíneo |
Análise do padrão hemodinâmico na veia cava superior e colaterais |
CINE RM (Fluoroscopia por RM) |
Axial e Sagital |
Sequências dinâmicas |
Avaliação da compressão vascular em diferentes fases respiratórias |
4. Classificação da Obstrução da Veia Cava Superior
Tipo |
Características |
---|---|
Compressão extrínseca |
Causada por tumores mediastinais, linfadenopatias ou aneurismas |
Trombose intraluminal |
Formação de trombo na veia cava superior, comum em pacientes com cateter venoso central |
Estenose parcial |
Redução do lúmen venoso com circulação colateral significativa |
Oclusão total |
Bloqueio completo da veia cava superior, necessitando vias colaterais extensas |
5. Achados Patológicos
Compressão Extrínseca
• Tumores mediastinais (linfoma, carcinoma broncogênico, timoma, metástases) causando desvio e compressão da veia cava superior.
• Linfadenopatia mediastinal comprimindo a veia, podendo ser neoplásica ou inflamatória (tuberculose, sarcoidose).
• Aneurisma da aorta torácica ou variações vasculares causando impacto mecânico.
Trombose Intraluminal
• Preenchimento incompleto da veia cava superior na MRA com contraste.
• Sinal hiperintenso em T2/STIR indicando trombose aguda.
• Ausência de fluxo na sequência TOF MRA, indicando oclusão completa.
Circulação Colateral
• Drenagem venosa colateral para a veia ázigos, veia mamária interna e veia torácica lateral.
• Realce precoce de colaterais na CE-MRA, especialmente nas veias subclávia e jugular.
6. Preparo do Paciente
• Jejum de 4 horas, caso seja necessário contraste.
• Preenchimento do questionário de segurança para RM.
• Uso de gadolínio obrigatório para melhor caracterização vascular e trombose.
• Aquisição em repouso e, se necessário, com variação respiratória para análise dinâmica da obstrução.
7. Considerações Adicionais
• CE-MRA e 3D TOF MRA são essenciais para avaliar anatomia vascular e obstrução.
• 4D Flow RM pode ser utilizada para avaliar padrões de fluxo colateral e impacto hemodinâmico.
• CINE RM pode ajudar a avaliar compressões dinâmicas (ex.: variações no calibre da veia cava superior durante a respiração).
• Comparação com exames prévios (TC, PET-CT, venografia convencional) auxilia no planejamento do tratamento.