domingo, 16 de fevereiro de 2025

Protocolo de Ressonância Magnética para Avaliação do Pericárdio (Pericardite, Derrame, Tumores Pericárdicos)

Protocolo de Ressonância Magnética para Avaliação do Pericárdio (Pericardite, Derrame, Tumores Pericárdicos)


ressonância magnética (RM) é um exame de alta precisão para a avaliação do pericárdio, permitindo diferenciar pericardite aguda e crônica, detectar derrames pericárdicos e caracterizar espessamento ou fibrose pericárdica. A RM também é útil na avaliação de tumores e massas pericárdicas, diferenciando-as de processos inflamatórios e malignidades secundárias.

1. Indicações

 Diagnóstico de pericardite aguda e crônica.

 Detecção de derrame pericárdico e tamponamento cardíaco.

 Avaliação de pericardite constritiva e fibrose pericárdica.

 Caracterização de tumores pericárdicos primários e metastáticos.

 Monitoramento da resposta ao tratamento pericárdico (anti-inflamatórios, cirurgia, pericardiectomia).

 Diferenciação entre pericardite, miocardite e cardiomiopatias.

2. Posicionamento do Paciente

 Decúbito dorsal, com os braços ao lado do corpo.

 Uso de bobina de tórax/coração de alta resolução.

 Sincronização com ECG e respiração controlada para minimizar artefatos de movimento.

 Aquisição em repouso e, se necessário, com variação respiratória para análise funcional.

3. Sequências e Parâmetros Técnicos

Sequência

Plano

Parâmetros Principais

Finalidade

T1 SE

Axial e Sagital

TR/TE ~600/10 ms

Avaliação anatômica do pericárdio e tecidos adjacentes

T2 FSE com supressão de gordura (FatSat ou STIR)

Axial e Coronal

TR/TE ~4000-5000/80-100 ms

Identificação de edema pericárdico (sugere pericardite ativa)

DWI (Difusão)

Axial

b = 0, 800-1000 s/mm²

Diferenciação entre inflamação, tumor e fibrose pericárdica

CINE RM (Sequências SSFP - Steady State Free Precession)

Axial e Sagital

Sequências dinâmicas

Avaliação da mobilidade pericárdica e impacto funcional (restrição pericárdica)

T1 com Gadolinio

Axial e Coronal

TR/TE ~600/10 ms

Avaliação da vascularização pericárdica e diferenciação entre inflamação e fibrose

T1 FatSat Pós-Contraste

Axial e Coronal

TR/TE ~600/10 ms

Melhor visualização de realce pericárdico e diferenciação de tumores

Late Gadolinium Enhancement (LGE - Realce tardio com gadolínio)

Axial e Sagital

Pós-contraste

Avaliação de fibrose pericárdica e diferenciação entre pericardite ativa e crônica

4. Classificação das Doenças Pericárdicas

Patologia

Principais Características

Pericardite Aguda

Espessamento pericárdico < 4 mm, realce intenso no pós-contraste, edema pericárdico em T2

Pericardite Constritiva

Espessamento pericárdico > 4 mm, restrição na mobilidade cardíaca, ausência de realce tardio

Derrame Pericárdico

Acúmulo de líquido ao redor do coração, hipo/hiperintenso em T1/T2, sem realce pós-contraste

Tamponamento Cardíaco

Derrame volumoso com colapso do ventrículo direito em diástole

Tumores Pericárdicos Primários

Massas pericárdicas sólidas, realce heterogêneo pós-contraste

Metástases Pericárdicas

Lesões múltiplas, infiltração pericárdica, derrame pericárdico associado

5. Achados Patológicos


Pericardite Aguda

 Edema pericárdico em T2/STIR (sugestivo de inflamação ativa).

 Realce difuso do pericárdio no pós-contraste.

 Derrame pericárdico leve a moderado pode estar presente.


Pericardite Constritiva

 Espessamento pericárdico significativo (>4 mm).

 Restrição na mobilidade das paredes cardíacas na CINE RM.

 Baixo realce tardio na LGE, indicando fibrose mais densa.


Derrame Pericárdico

 Camada de líquido ao redor do coração, geralmente hiperintensa em T2.

 Presença de fibrina ou hemorragia pode alterar os sinais em T1 e T2.

 Sinais de tamponamento cardíaco (colapso diastólico do ventrículo direito).


Tumores Pericárdicos

 Massas sólidas infiltrativas, hiperintensas em T2, com realce pós-contraste.

 Metástases pericárdicas geralmente associadas a derrame pericárdico hemorrágico.

 Mesoteliomas pericárdicos primários podem apresentar espessamento nodular difuso.

6. Preparo do Paciente

 Jejum de 4 horas, caso seja necessário contraste.

 Preenchimento do questionário de segurança para RM.

 Uso de gadolínio obrigatório para melhor caracterização de inflamação e tumores pericárdicos.

 Sincronização com ECG e respiração controlada, reduzindo artefatos de movimento.

7. Considerações Adicionais

 CINE RM é crucial para avaliar restrição pericárdica e impacto na função cardíaca.

 DWI e ADC podem auxiliar na diferenciação entre inflamação, fibrose e neoplasia.

 LGE (Late Gadolinium Enhancement) é um marcador importante para fibrose pericárdica.

 Comparação com exames prévios (TC, PET-CT, ecocardiografia) auxilia no diagnóstico e acompanhamento.