Protocolo de Ressonância Magnética para Avaliação do Pericárdio (Pericardite, Derrame, Tumores Pericárdicos)
A ressonância magnética (RM) é um exame de alta precisão para a avaliação do pericárdio, permitindo diferenciar pericardite aguda e crônica, detectar derrames pericárdicos e caracterizar espessamento ou fibrose pericárdica. A RM também é útil na avaliação de tumores e massas pericárdicas, diferenciando-as de processos inflamatórios e malignidades secundárias.
1. Indicações
• Diagnóstico de pericardite aguda e crônica.
• Detecção de derrame pericárdico e tamponamento cardíaco.
• Avaliação de pericardite constritiva e fibrose pericárdica.
• Caracterização de tumores pericárdicos primários e metastáticos.
• Monitoramento da resposta ao tratamento pericárdico (anti-inflamatórios, cirurgia, pericardiectomia).
• Diferenciação entre pericardite, miocardite e cardiomiopatias.
2. Posicionamento do Paciente
• Decúbito dorsal, com os braços ao lado do corpo.
• Uso de bobina de tórax/coração de alta resolução.
• Sincronização com ECG e respiração controlada para minimizar artefatos de movimento.
• Aquisição em repouso e, se necessário, com variação respiratória para análise funcional.
3. Sequências e Parâmetros Técnicos
Sequência | Plano | Parâmetros Principais | Finalidade |
---|---|---|---|
T1 SE | Axial e Sagital | TR/TE ~600/10 ms | Avaliação anatômica do pericárdio e tecidos adjacentes |
T2 FSE com supressão de gordura (FatSat ou STIR) | Axial e Coronal | TR/TE ~4000-5000/80-100 ms | Identificação de edema pericárdico (sugere pericardite ativa) |
DWI (Difusão) | Axial | b = 0, 800-1000 s/mm² | Diferenciação entre inflamação, tumor e fibrose pericárdica |
CINE RM (Sequências SSFP - Steady State Free Precession) | Axial e Sagital | Sequências dinâmicas | Avaliação da mobilidade pericárdica e impacto funcional (restrição pericárdica) |
T1 com Gadolinio | Axial e Coronal | TR/TE ~600/10 ms | Avaliação da vascularização pericárdica e diferenciação entre inflamação e fibrose |
T1 FatSat Pós-Contraste | Axial e Coronal | TR/TE ~600/10 ms | Melhor visualização de realce pericárdico e diferenciação de tumores |
Late Gadolinium Enhancement (LGE - Realce tardio com gadolínio) | Axial e Sagital | Pós-contraste | Avaliação de fibrose pericárdica e diferenciação entre pericardite ativa e crônica |
4. Classificação das Doenças Pericárdicas
Patologia | Principais Características |
---|---|
Pericardite Aguda | Espessamento pericárdico < 4 mm, realce intenso no pós-contraste, edema pericárdico em T2 |
Pericardite Constritiva | Espessamento pericárdico > 4 mm, restrição na mobilidade cardíaca, ausência de realce tardio |
Derrame Pericárdico | Acúmulo de líquido ao redor do coração, hipo/hiperintenso em T1/T2, sem realce pós-contraste |
Tamponamento Cardíaco | Derrame volumoso com colapso do ventrículo direito em diástole |
Tumores Pericárdicos Primários | Massas pericárdicas sólidas, realce heterogêneo pós-contraste |
Metástases Pericárdicas | Lesões múltiplas, infiltração pericárdica, derrame pericárdico associado |
5. Achados Patológicos
Pericardite Aguda
• Edema pericárdico em T2/STIR (sugestivo de inflamação ativa).
• Realce difuso do pericárdio no pós-contraste.
• Derrame pericárdico leve a moderado pode estar presente.
Pericardite Constritiva
• Espessamento pericárdico significativo (>4 mm).
• Restrição na mobilidade das paredes cardíacas na CINE RM.
• Baixo realce tardio na LGE, indicando fibrose mais densa.
Derrame Pericárdico
• Camada de líquido ao redor do coração, geralmente hiperintensa em T2.
• Presença de fibrina ou hemorragia pode alterar os sinais em T1 e T2.
• Sinais de tamponamento cardíaco (colapso diastólico do ventrículo direito).
Tumores Pericárdicos
• Massas sólidas infiltrativas, hiperintensas em T2, com realce pós-contraste.
• Metástases pericárdicas geralmente associadas a derrame pericárdico hemorrágico.
• Mesoteliomas pericárdicos primários podem apresentar espessamento nodular difuso.
6. Preparo do Paciente
• Jejum de 4 horas, caso seja necessário contraste.
• Preenchimento do questionário de segurança para RM.
• Uso de gadolínio obrigatório para melhor caracterização de inflamação e tumores pericárdicos.
• Sincronização com ECG e respiração controlada, reduzindo artefatos de movimento.
7. Considerações Adicionais
• CINE RM é crucial para avaliar restrição pericárdica e impacto na função cardíaca.
• DWI e ADC podem auxiliar na diferenciação entre inflamação, fibrose e neoplasia.
• LGE (Late Gadolinium Enhancement) é um marcador importante para fibrose pericárdica.
• Comparação com exames prévios (TC, PET-CT, ecocardiografia) auxilia no diagnóstico e acompanhamento.