segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Protocolo de Ressonância Magnética para Avaliação de Trombose da Veia Porta ou da Veia Cava Inferior

 

Protocolo de Ressonância Magnética para Avaliação de Trombose da Veia Porta ou da Veia Cava Inferior


A ressonância magnética (RM), associada à angiografia por ressonância magnética (MRA), é um exame essencial para a detecção, caracterização e diferenciação de trombose benigna e maligna da veia porta e da veia cava inferior (VCI). A RM permite a visualização da permeabilidade vascular, presença de circulação colateral, extensão do trombo e possíveis complicações.

1. Indicações

Diagnóstico e caracterização da trombose da veia porta e da veia cava inferior.

Diferenciação entre trombose aguda e crônica.

Diferenciação entre trombose benigna e trombose maligna (tumoral).

Avaliação de circulação colateral e shunts portossistêmicos.

Monitoramento pós-TIPS (shunt portossistêmico intra-hepático transjugular).

Estudo de trombose venosa profunda na veia cava inferior e suas consequências (síndrome da VCI).

Planejamento terapêutico (anticoagulação, trombólise, intervenção cirúrgica ou endovascular).

2. Posicionamento do Paciente

Decúbito dorsal, com os braços elevados acima da cabeça para minimizar artefatos de movimento.

Uso de bobina abdominal de alta resolução.

Respiração controlada ou aquisição em apneia para minimizar artefatos respiratórios.

Administração de contraste intravenoso (gadoxetato de gadolínio - Primovist/Eovist ou gadoterato de meglumina) para avaliação vascular.

3. Sequências e Parâmetros Técnicos

Sequência

Plano

Parâmetros Principais

Finalidade

T1 SE

Axial e Coronal

TR/TE ~600/10 ms

Avaliação anatômica e diferenciação entre tecidos moles, gordura e trombos

T2 FSE com supressão de gordura (FatSat ou STIR)

Axial e Coronal

TR/TE ~4000-5000/80-100 ms

Identificação de edema, necrose e processos inflamatórios associados

DWI (Difusão)

Axial

b = 0, 800-1000 s/mm²

Diferenciação entre trombose benigna (ausência de restrição) e maligna (ADC reduzido)

T1 Dinâmico com Gadolinio (Primovist/Eovist ou Gadoterato)

Axial

Fases arterial, portal, equilíbrio e tardia

Avaliação da perfusão vascular e diferenciação de trombose tumoral (realce heterogêneo)

MRA (Angio-RM 3D TOF, sem contraste)

Axial e Sagital

Alta resolução

Avaliação da permeabilidade da veia porta e da VCI sem necessidade de contraste

4D Flow RM (Opcional, quando disponível)

Axial e Sagital

Mapeamento do fluxo sanguíneo

Estudo da hemodinâmica venosa e presença de shunts colaterais

4. Caracterização da Trombose Venosa

Achado

Sinal na RM

Trombose Aguda

Sinal intermediário em T1, hiperintenso em T2, sem realce pós-contraste

Trombose Crônica

Hipossinal em T1 e T2 devido à fibrose, ausência de fluxo na MRA

Trombose Maligna (Tumoral)

Hiperintensidade na difusão (baixo ADC), realce heterogêneo pós-contraste

Circulação Colateral Portossistêmica

Dilatação de vasos periesofágicos, gástricos e epigástricos superficiais

Síndrome da VCI (Obstrução Parcial ou Total)

Edema dos membros inferiores, colaterais venosas toracoabdominais

5. Achados Patológicos


Trombose da Veia Porta

Trombose Aguda:

Sinal hiperintenso em T2, sem realce pós-contraste.

Ausência de fluxo na MRA, com dilatação venosa a montante.

Sem restrição na difusão (DWI).

Trombose Crônica:

Hipossinal em T1 e T2 devido à fibrose e calcificações.

Formação de circulação colateral (cavernomatose portal).

Fluxo reduzido ou ausente na MRA.

Trombose Maligna (Tumoral):

Realce heterogêneo pós-contraste.

Restrição significativa na difusão (DWI com ADC reduzido).

Presença de neovascularização no trombo.


Trombose da Veia Cava Inferior

Trombose Aguda da VCI:

Hipossinal em T1, hipersinal em T2/STIR.

Edema bilateral dos membros inferiores.

Dilatação da VCI acima da obstrução.

Trombose Crônica da VCI:

VCI colapsada ou obliterada.

Formação de colaterais venosas (veias lombares, ázigos e hemiázigos).

Fluxo alterado na MRA.

Síndrome da VCI:

Circulação colateral na parede abdominal e região toracoabdominal.

Ascite e congestão hepática associadas.

6. Preparo do Paciente

Jejum de 4-6 horas, especialmente para exames dinâmicos com gadolínio.

Preenchimento do questionário de segurança para RM.

Uso de gadolínio (Primovist/Eovist ou Gadoterato) para avaliação da perfusão vascular e detecção de trombose maligna.

Instrução para respiração controlada ou aquisição em apneia durante as sequências dinâmicas do contraste.

7. Considerações Adicionais

DWI e ADC são essenciais para diferenciar trombose benigna (sem restrição) e maligna (restrição significativa).

MRA sem contraste é útil para pacientes com contraindicação ao gadolínio.

4D Flow RM fornece informações sobre padrões de fluxo sanguíneo e gradientes de pressão venosa.

A fase hepatobiliar com Primovist/Eovist pode ser usada para avaliar a função hepatocitária em pacientes com hipertensão portal associada.

Comparação com exames prévios (TC, PET-CT, ultrassonografia Doppler) auxilia na progressão da doença e na resposta ao tratamento.