Protocolo de Ressonância Magnética para Tumores da Tireoide e Paratireoide
A ressonância magnética (RM) é um exame complementar na avaliação de tumores da tireoide e paratireoide, sendo mais útil em casos de neoplasias avançadas, extensão extracapsular, invasão de estruturas adjacentes e metástases. Embora a ultrassonografia (US) e a tomografia computadorizada (TC) sejam frequentemente os exames de escolha para a avaliação primária da tireoide, a RM pode fornecer informações adicionais sobre a composição do tumor, vascularização, relação com estruturas cervicais e extensão mediastinal.
1. Indicações
- Caracterização de tumores tireoidianos avançados (avaliação de invasão extraglandular e comprometimento de estruturas adjacentes).
- Diferenciação entre lesões benignas e malignas.
- Identificação de metástases linfonodais cervicais.
- Avaliação de invasão vascular (veia jugular interna, artéria carótida, traqueia e esôfago).
- Tumores da paratireoide (adenomas ou carcinomas paratireoides).
- Avaliação pré-operatória em tumores volumosos ou com extensão retroesternal.
2. Posicionamento do Paciente
- Decúbito dorsal, com a cabeça levemente hiperestendida para melhor visualização da tireoide e paratireoide.
- Uso de bobina de cabeça e pescoço de alta resolução.
- Evitar movimentos voluntários e deglutição durante as aquisições.
- Instrução para manter a respiração tranquila e reduzir artefatos.
3. Sequências e Parâmetros Técnicos
Sequência | Plano | Parâmetros Principais | Finalidade |
---|---|---|---|
T1 SE | Axial e Coronal | TR/TE ~600/10 ms | Avaliação anatômica, diferenciação entre tecido adiposo e lesões sólidas |
T2 FSE com supressão de gordura (FatSat ou STIR) | Axial e Coronal | TR/TE ~4000-5000/80-100 ms | Diferenciação entre cistos, lesões sólidas e edema inflamatório |
DWI (Difusão) | Axial | b = 0, 800-1000 s/mm² | Avaliação da restrição de difusão, diferenciação entre tumores benignos e malignos |
T1 com Gadolinio | Axial e Sagital | TR/TE ~600/10 ms | Avaliação de vascularização tumoral e extensão perineural |
T1 FatSat Pós-Contraste | Axial e Coronal | TR/TE ~600/10 ms | Melhor visualização de realce tumoral e diferenciação de linfonodos metastáticos |
3D TOF MRA (Opcional) | Axial | Alta resolução | Avaliação de invasão vascular e trombose venosa |
4. Achados Patológicos
Tumores Malignos da Tireoide
- Carcinoma papilífero: lesão hipo/iso-intensa em T1, hiperintensa em T2, realce pós-contraste variável.
- Carcinoma folicular: invasão capsular e vascular evidente, realce pós-contraste intenso.
- Carcinoma medular: pode apresentar calcificações e realce pós-contraste heterogêneo.
- Carcinoma anaplásico: invasivo, realce pós-contraste intenso, frequentemente com necrose central.
Adenomas e Tumores Benignos
- Adenomas tireoidianos: bem delimitados, realce homogêneo.
- Cistos tireoidianos: hiperintensos em T2, sem realce pós-contraste.
Tumores da Paratireoide
- Adenomas paratireoides: realce intenso pós-contraste, hipointensos em T1.
- Carcinomas paratireoides: massas sólidas infiltrativas, podem invadir tecidos adjacentes.
5. Preparo do Paciente
- Jejum de 4 horas, se for utilizado contraste.
- Preenchimento do questionário de segurança para RM.
- Uso de gadolínio obrigatório para avaliação tumoral e diferenciação entre tecidos.
- Remoção de objetos metálicos e próteses dentárias removíveis, para minimizar artefatos.
- Instrução para evitar deglutição e falar durante a aquisição.
6. Considerações Adicionais
- DWI e ADC são essenciais para diferenciar tumores agressivos e benignos.
- Comparação com exames prévios (US e TC) auxilia na detecção de progressão ou resposta ao tratamento.
- Avaliação de extensão mediastinal pode ser feita com RM de tórax se necessário.
- PET-CT pode ser necessário para avaliação metabólica de metástases.