quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Protocolo de Ressonância Magnética (RM) da Hipófise

Protocolo de Ressonância Magnética (RM) da Hipófise


A ressonância magnética (RM) da hipófise é o exame de escolha para avaliar anormalidades da glândula hipófise e da região selar, permitindo a detecção de microadenomas, macroadenomas, hipofisite, craniofaringiomas e outras lesões da sela túrcica.

1. Posicionamento do Paciente

Posição: Decúbito dorsal, com a cabeça imobilizada para minimizar artefatos de movimento.

Coil: Bobina de crânio de múltiplos canais (mínimo de 8 canais) para melhor relação sinal-ruído.

Imobilização: Almofadas laterais para estabilização da cabeça.

2. Sequências de Exame e Parâmetros Técnicos

Sequência

Plano

TR/TE (ms)

Espessura (mm)

Observações

T1 Volumétrica (3D MPRAGE ou IR-SPGR)

Sagital

1800-2500 / 2-5

1.0-1.2

Avaliação anatômica detalhada da sela túrcica e hipófise.

T2 Pesada

Coronal e Sagital

3000-4000 / 80-120

2-3

Avaliação da morfologia hipofisária e diferenciação de cistos.

FLAIR

Axial

8000-11000 / 120-140

3-5

Investigação de edema ou infiltração inflamatória na região hipotalâmica.

DWI (Diffusion-Weighted Imaging) e ADC

Axial

4000-6000 / 70-100

3-5

Diferenciação entre tumores sólidos e cistos hipofisários.

SWI (Susceptibility-Weighted Imaging) ou T2*

Axial

700-800 / 15-25

3-5

Avaliação de micro-hemorragias e depósitos de ferro.

T1 Pós-Contraste Dinâmico (Gadolínio 0,1 mmol/kg)

Sagital e Coronal

500-700 / 10-15

2-3

Identificação de microadenomas (captação tardia em relação à hipófise normal).

Angio-RM TOF 3D Venoso

Axial

20-30 / 3-7

1.0-1.5

Avaliação de trombose do seio cavernoso e envolvimento vascular.

3. Achados Característicos nas Principais Patologias Hipofisárias


Microadenomas Hipofisários (< 10 mm)

T1 Pós-Contraste Dinâmico: Área hipocaptante em relação à hipófise normal.

T2: Pode ser iso ou levemente hiperintenso.

DWI: Ausência de restrição à difusão.


Macroadenomas Hipofisários (> 10 mm)

T1 Pós-Contraste: Captação heterogênea com possível necrose/hemorragia central.

T2: Pode mostrar áreas císticas ou hemorrágicas.

SWI: Pode revelar micro-hemorragias.


Hipofisite Linfocítica (Inflamação da Hipófise)

T1 Sem Contraste: Hipófise aumentada, com espessamento do infundíbulo.

T1 Pós-Contraste: Realce homogêneo da hipófise e infundíbulo.

FLAIR: Pode mostrar hiperintensidade associada no hipotálamo.


Cistos da Bolsa de Rathke

T2: Lesão bem delimitada, hiperintensa, sem realce.

T1 Pós-Contraste: Ausência de captação significativa.

DWI: Ausência de restrição à difusão.


Craniofaringiomas

T1/T2: Componente cístico hiperintenso e calcificações hipointensas em SWI.

T1 Pós-Contraste: Realce do componente sólido e da cápsula.


Apoplexia Hipofisária (Hemorragia Aguda na Hipófise)

T1 Sem Contraste: Área heterogênea com hiperintensidade (hemorragia subaguda).

SWI: Demonstra micro-hemorragias associadas.

T1 Pós-Contraste: Captação irregular, com áreas não captantes compatíveis com necrose.

4. Indicações Clínicas

Investigação de adenomas hipofisários secretores ou não secretores.

Diagnóstico diferencial entre lesões hipofisárias sólidas e císticas.

Monitoramento pós-operatório de ressecção hipofisária.

Pesquisa de hipofisite e outras doenças inflamatórias/infiltrativas.

Avaliação de apoplexia hipofisária em pacientes com cefaleia súbita e déficit visual.

5. Preparação do Paciente

Contraste: Sempre indicado para avaliar adenomas, inflamação e lesões vasculares.

Jejum: Recomendado de 4 horas antes do exame se houver administração de contraste.

Histórico Clínico: Importante correlacionar com sintomas como alterações hormonais, cefaleia, distúrbios visuais e galactorreia.

6. Destaques

T1 pós-contraste dinâmico é essencial para detectar microadenomas.

T2 auxilia na diferenciação de cistos da bolsa de Rathke e tumores sólidos.

SWI pode identificar micro-hemorragias em adenomas e apoplexia hipofisária.

Angio-RM TOF é útil para avaliar trombose do seio cavernoso e envolvimento vascular.