Protocolo de Ressonância Magnética (RM) da Hipófise
A ressonância magnética (RM) da hipófise é o exame de escolha para avaliar anormalidades da glândula hipófise e da região selar, permitindo a detecção de microadenomas, macroadenomas, hipofisite, craniofaringiomas e outras lesões da sela túrcica.
1. Posicionamento do Paciente
• Posição: Decúbito dorsal, com a cabeça imobilizada para minimizar artefatos de movimento.
• Coil: Bobina de crânio de múltiplos canais (mínimo de 8 canais) para melhor relação sinal-ruído.
• Imobilização: Almofadas laterais para estabilização da cabeça.
2. Sequências de Exame e Parâmetros Técnicos
Sequência |
Plano |
TR/TE (ms) |
Espessura (mm) |
Observações |
---|---|---|---|---|
T1 Volumétrica (3D MPRAGE ou IR-SPGR) |
Sagital |
1800-2500 / 2-5 |
1.0-1.2 |
Avaliação anatômica detalhada da sela túrcica e hipófise. |
T2 Pesada |
Coronal e Sagital |
3000-4000 / 80-120 |
2-3 |
Avaliação da morfologia hipofisária e diferenciação de cistos. |
FLAIR |
Axial |
8000-11000 / 120-140 |
3-5 |
Investigação de edema ou infiltração inflamatória na região hipotalâmica. |
DWI (Diffusion-Weighted Imaging) e ADC |
Axial |
4000-6000 / 70-100 |
3-5 |
Diferenciação entre tumores sólidos e cistos hipofisários. |
SWI (Susceptibility-Weighted Imaging) ou T2* |
Axial |
700-800 / 15-25 |
3-5 |
Avaliação de micro-hemorragias e depósitos de ferro. |
T1 Pós-Contraste Dinâmico (Gadolínio 0,1 mmol/kg) |
Sagital e Coronal |
500-700 / 10-15 |
2-3 |
Identificação de microadenomas (captação tardia em relação à hipófise normal). |
Angio-RM TOF 3D Venoso |
Axial |
20-30 / 3-7 |
1.0-1.5 |
Avaliação de trombose do seio cavernoso e envolvimento vascular. |
3. Achados Característicos nas Principais Patologias Hipofisárias
Microadenomas Hipofisários (< 10 mm)
• T1 Pós-Contraste Dinâmico: Área hipocaptante em relação à hipófise normal.
• T2: Pode ser iso ou levemente hiperintenso.
• DWI: Ausência de restrição à difusão.
Macroadenomas Hipofisários (> 10 mm)
• T1 Pós-Contraste: Captação heterogênea com possível necrose/hemorragia central.
• T2: Pode mostrar áreas císticas ou hemorrágicas.
• SWI: Pode revelar micro-hemorragias.
Hipofisite Linfocítica (Inflamação da Hipófise)
• T1 Sem Contraste: Hipófise aumentada, com espessamento do infundíbulo.
• T1 Pós-Contraste: Realce homogêneo da hipófise e infundíbulo.
• FLAIR: Pode mostrar hiperintensidade associada no hipotálamo.
Cistos da Bolsa de Rathke
• T2: Lesão bem delimitada, hiperintensa, sem realce.
• T1 Pós-Contraste: Ausência de captação significativa.
• DWI: Ausência de restrição à difusão.
Craniofaringiomas
• T1/T2: Componente cístico hiperintenso e calcificações hipointensas em SWI.
• T1 Pós-Contraste: Realce do componente sólido e da cápsula.
Apoplexia Hipofisária (Hemorragia Aguda na Hipófise)
• T1 Sem Contraste: Área heterogênea com hiperintensidade (hemorragia subaguda).
• SWI: Demonstra micro-hemorragias associadas.
• T1 Pós-Contraste: Captação irregular, com áreas não captantes compatíveis com necrose.
4. Indicações Clínicas
• Investigação de adenomas hipofisários secretores ou não secretores.
• Diagnóstico diferencial entre lesões hipofisárias sólidas e císticas.
• Monitoramento pós-operatório de ressecção hipofisária.
• Pesquisa de hipofisite e outras doenças inflamatórias/infiltrativas.
• Avaliação de apoplexia hipofisária em pacientes com cefaleia súbita e déficit visual.
5. Preparação do Paciente
• Contraste: Sempre indicado para avaliar adenomas, inflamação e lesões vasculares.
• Jejum: Recomendado de 4 horas antes do exame se houver administração de contraste.
• Histórico Clínico: Importante correlacionar com sintomas como alterações hormonais, cefaleia, distúrbios visuais e galactorreia.
6. Destaques
• T1 pós-contraste dinâmico é essencial para detectar microadenomas.
• T2 auxilia na diferenciação de cistos da bolsa de Rathke e tumores sólidos.
• SWI pode identificar micro-hemorragias em adenomas e apoplexia hipofisária.
• Angio-RM TOF é útil para avaliar trombose do seio cavernoso e envolvimento vascular.