quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Protocolo de Tomografia Computadorizada (TC) da Bacia

Protocolo de Tomografia Computadorizada (TC) da Bacia

A tomografia computadorizada (TC) da bacia é um exame de alta resolução utilizado para a avaliação detalhada dos ossos da pelve, articulações e tecidos adjacentes, sendo fundamental em casos de trauma, doenças degenerativas, tumores e processos inflamatórios.


1. Indicações

  • Trauma pélvico e fraturas (fraturas do acetábulo, púbis, ísquio, ilíaco e sacro).
  • Luxações e instabilidades pélvicas.
  • Artropatias degenerativas e inflamatórias (osteoartrite, artrite reumatoide).
  • Doenças inflamatórias da pelve (sacroileíte, espondiloartrite, artrite psoriática).
  • Infecções ósseas (osteomielite, artrite séptica, abscessos pélvicos).
  • Tumores ósseos primários e metastáticos.
  • Monitoramento pós-operatório de fixadores internos, artroplastias e enxertos ósseos.
  • Planejamento cirúrgico para osteotomias e reconstruções pélvicas.

2. Posicionamento do Paciente

  • Decúbito dorsal, com a pelve centralizada no campo de visão.
  • Pernas estendidas e levemente rotacionadas internamente para melhor visualização da articulação coxofemoral.
  • Imobilização do paciente para evitar movimentos.
  • Em casos de trauma, manter imobilização e adaptar o posicionamento conforme a necessidade clínica.

3. Protocolo de Aquisição

Parâmetro Configuração Recomendada
Aquisição Helicoidal Multi-Slice (64 canais ou superior)
Espessura de Corte 0,5 – 1,0 mm (para reconstruções 3D detalhadas)
Campo de Visão (FOV) Abrangendo a pelve inteira (~30 cm)
Reconstrução Óssea Algoritmo de alta resolução (bone kernel)
Reconstrução de Tecidos Moles Algoritmo suave (soft tissue kernel)
Plano de Aquisição Axial nativo, com reconstruções multiplanares (MPR) em coronal e sagital
Janela Óssea 2000/500 HU
Janela de Tecidos Moles 400/40 HU

4. Uso de Contraste

Indicação Uso de Contraste
Fraturas e luxações Sem contraste
Infecções ósseas (osteomielite, artrite séptica, abscessos pélvicos) Com contraste IV (40-80 mL de iodo não iônico, 300-350 mg/mL)
Tumores ósseos ou de partes moles Com contraste IV para melhor realce e diferenciação de tecidos
Estudo vascular da pelve (suspeita de lesão arterial ou venosa) Angio-TC com contraste para avaliação vascular

5. Reconstruções

Tipo de Reconstrução Finalidade
MPR (Multiplanar Reconstructions) Avaliação de fraturas, desalinhamentos e degenerações articulares
MIP (Maximum Intensity Projection) Destaque para fraturas e calcificações
3D Volume Rendering Avaliação pré-operatória e planejamento cirúrgico
Curved Planar Reconstructions (CPR) Melhor visualização da estrutura óssea e relação articular

6. Principais Achados

Fraturas e Instabilidades Pélvicas

  • Fratura do acetábulo: comprometimento da articulação coxofemoral.
  • Fratura do sacro e do púbis: lesões comuns em idosos e atletas (fratura por estresse).
  • Fratura-luxação da pelve: pode indicar lesão de alta energia (ex.: trauma automobilístico).
  • Lesão da anel pélvico: pode envolver instabilidade ligamentar e deslocamentos ósseos.

Doenças Inflamatórias e Autoimunes

  • Sacroileíte ativa (espondiloartrite, artrite psoriática):
    • Erosões ósseas e irregularidade articular.
    • Esclerose periarticular e edema ósseo.
    • Formação de anquilose óssea em estágios avançados.

Doenças Degenerativas

  • Osteoartrose coxofemoral:
    • Estreitamento do espaço articular.
    • Osteófitos e esclerose subcondral.
    • Cistos subcondrais.

Tumores e Infecções

  • Lesões líticas: mieloma múltiplo, metástases ósseas.
  • Lesões escleróticas: osteoma osteoide, osteossarcoma.
  • Osteomielite: destruição óssea, edema de tecidos adjacentes, erosões articulares.

Alterações Pós-Cirúrgicas

  • Monitoramento de artroplastias e osteossínteses.
  • Complicações como falha de fixação, infecção periprotética ou soltura de implantes.

7. Preparo do Paciente

  • Sem necessidade de jejum para exames sem contraste.
  • Jejum de 4 horas caso seja necessário contraste intravenoso.
  • Remoção de objetos metálicos na região da pelve para evitar artefatos.
  • Preenchimento do questionário de segurança para contraste (histórico de alergias e função renal).

8. Considerações Adicionais

  • A RM pode ser mais sensível para detectar inflamação precoce e edema ósseo em sacroileíte ativa.
  • A TC tridimensional é essencial para planejamento cirúrgico em fraturas e reconstruções pélvicas.
  • Comparação com exames prévios (radiografia, RM) auxilia no diagnóstico diferencial.
  • Quando há suspeita de envolvimento vascular, uma Angio-TC pode ser necessária.