PROTOCOLO PARA RADIOGRAFIA EM PACIENTE IMOBILIZADO (SÉRIE DE TRAUMA EMERGÊNCIA)
1. Indicações Clínicas
• Paciente politraumatizado com suspeita de lesões musculoesqueléticas
• Avaliação de fraturas, luxações ou deslocamentos articulares sem movimentação do paciente
• Investigação de trauma craniano, cervical, torácico e abdominal em pronto atendimento
• Detecção de corpos estranhos ou fragmentos ósseos em trauma penetrante
• Monitoramento pós-atendimento inicial para avaliar progressão de lesões traumáticas
2. Princípios Gerais
• O paciente não deve ser movimentado sem avaliação prévia da equipe médica.
• Imobilização completa deve ser mantida (ex.: colar cervical, prancha rígida, talas).
• Uso de técnica portátil pode ser necessário, dependendo da condição do paciente.
• Uso de proteção radiológica (aventais de chumbo, colimadores) para minimizar exposição à radiação.
3. Projeções Padrão na Série de Trauma
A sequência varia conforme a suspeita clínica e a área afetada.
A) Raio-X de Coluna Cervical (Pacientes com Suspeita de Trauma Cervical)
• Projeção Lateral (Raio Horizontal) - Essencial
• Paciente: Em decúbito dorsal, sem remoção do colar cervical.
• RC: Direcionado perpendicularmente à coluna cervical, na altura de C4-C5.
• Finalidade: Avaliação de fraturas, luxações e alinhamento vertebral.
• Projeção AP da Coluna Cervical
• Paciente: Em decúbito dorsal, com colar cervical mantido.
• RC: Direcionado perpendicularmente ao meio da coluna cervical (C4-C5).
• Finalidade: Avaliação de fraturas anteriores e alinhamento vertebral.
• Projeção de Odontoide (Boca Aberta) - Se possível
• Paciente: Se possível, paciente abre a boca sem movimentar o pescoço.
• RC: Direcionado perpendicular ao meio da boca.
• Finalidade: Avaliação do processo odontóide de C2.
B) Raio-X de Tórax (Para Suspeita de Trauma Torácico)
• Projeção AP Supina ou Semiortostática (se possível)
• Paciente: Em decúbito dorsal ou semiortostático, sem movimentação brusca.
• RC: Direcionado ao nível de T7 (altura do esterno inferior).
• Finalidade: Avaliação de pneumotórax, hemotórax, contusão pulmonar, fraturas costais.
• Projeção Lateral de Raio Horizontal (se necessário)
• Finalidade: Melhor avaliação do mediastino, contusão pulmonar e fraturas costais posteriores.
C) Raio-X de Pelve (Para Suspeita de Fratura Pélvica)
• Projeção AP de Pelve
• Paciente: Em decúbito dorsal, sem movimentação.
• RC: Direcionado à linha média, 2 cm acima da sínfise púbica.
• Finalidade: Avaliação de fraturas pélvicas, luxações sacroilíacas, diástase da sínfise púbica.
• Projeção Lateral de Raio Horizontal da Pelve (se necessário)
• Finalidade: Avaliação lateral da bacia e articulações sacroilíacas.
D) Raio-X de Membros (Para Trauma de Extremidades)
• Projeção AP e Lateral de Raio Horizontal
• Paciente: Em decúbito dorsal, com imobilização da extremidade afetada.
• RC: Direcionado perpendicularmente à região de interesse.
• Finalidade: Avaliação de fraturas, deslocamentos articulares e lesões ligamentares.
4. Parâmetros de Aquisição
• kVp: Ajustado conforme a região (ex.: 70-80 kVp para coluna cervical, 100-120 kVp para tórax)
• mAs: Ajustado conforme biotipo do paciente (uso de AEC pode ser indicado)
• Distância foco-filme (FFD):
• 100-120 cm para coluna e membros
• 180 cm para tórax
• Uso de grade: Sim, para melhorar o contraste e reduzir radiação espalhada.
5. Considerações Especiais
• Manutenção do colar cervical: Nunca remover antes de descartar lesões por imagem.
• Cuidado com fraturas instáveis: Mínima manipulação do paciente, evitando piora da lesão.
• Uso de TC como exame complementar:
• Se suspeita de fratura complexa, trauma abdominal fechado ou lesão intracraniana, pode ser necessária tomografia computadorizada (TC) de emergência.