Protocolo de Radiografia da Base do Crânio
A radiografia da base do crânio é utilizada para a avaliação inicial de fraturas, anomalias congênitas, lesões líticas ou escleróticas e processos expansivos que afetam a base do crânio. Embora tenha aplicações, a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) são preferidas devido à maior sensibilidade e detalhamento anatômico.
1. Posicionamento do Paciente
Diferentes incidências podem ser utilizadas para visualizar a base do crânio. As principais são:
1.1. Incidência de Hirtz (Submentovértice - SMV)
- Finalidade: Avaliação do forame magno, porções petrosas dos temporais, seios esfenoidais e processos pterigoides.
- Posição do paciente: Paciente em decúbito dorsal ou ortostático.
- Posição da cabeça: Cabeça hiperestendida, com a linha infraorbitomeatal (LIOM) paralela ao chassi/detector.
- Raio central: Direcionado perpendicular à LIOM, incidindo na região do gonion (ângulo da mandíbula).
- Chassi/Detector: 24x30 cm na vertical.
- DFF (Distância Foco-Filme): 100 a 120 cm.
1.2. Incidência de Towne (AP Axial)
- Finalidade: Avaliação do forame magno, ossos occipitais e sela turca.
- Posição do paciente: Paciente em decúbito dorsal ou ortostático.
- Posição da cabeça: Menton retraído para posicionar a linha orbitomeatal perpendicular ao filme.
- Raio central: Inclinação de 30° caudal, incidindo 5-7 cm acima da glabela.
- Chassi/Detector: 24x30 cm na vertical.
- DFF: 100 cm.
1.3. Incidência de Stenvers (Oblíqua Anteroposterior)
- Finalidade: Avaliação das porções petrosas do osso temporal e estruturas da base do crânio.
- Posição do paciente: Paciente em decúbito ventral ou ortostático, com a cabeça rodada 45° e a testa e nariz encostados no chassi.
- Raio central: Inclinação de 12° cefálico, incidindo 3 cm acima e posteriormente ao meato acústico externo.
- DFF: 100 cm.
2. Parâmetros Técnicos
- kVp: 70-85 kVp
- mAs: 15-30 mAs, dependendo da espessura óssea e do equipamento.
- Grade anti-difusora: Recomendada para reduzir a dispersão em estruturas ósseas densas.
- Foco: Pequeno, para maior definição.
3. Indicações Clínicas
- Fraturas da base do crânio (ex.: fraturas do osso occipital, temporal ou esfenoide).
- Malformações congênitas envolvendo a base do crânio.
- Avaliação do forame magno para suspeita de malformação de Arnold-Chiari.
- Pesquisa de lesões ósseas líticas ou escleróticas (ex.: metástases, displasias ósseas).
- Suspeita de hipertensão intracraniana crônica, avaliando erosões na sela turca.
4. Considerações Especiais
- Radioproteção: Uso de protetores de gônadas e colimação para minimizar a exposição desnecessária.
- Movimentação: O paciente deve ser instruído a permanecer imóvel para evitar artefatos.
- Dificuldade técnica: Em pacientes incapazes de hiperextensão, pode ser necessário realizar ajustes no posicionamento ou utilizar TC para complementar o exame.
Embora a radiografia da base do crânio ainda tenha algumas indicações, a TC e a RM são os métodos preferidos, pois fornecem imagens mais detalhadas das estruturas ósseas e neurológicas.