Protocolo de Ressonância Magnética para Avaliação de Compressão Traqueal e Brônquica
A ressonância magnética (RM) é um exame complementar na avaliação de compressão da traqueia e brônquios, sendo especialmente útil para determinar a causa da compressão, avaliar o grau de obstrução e sua relação com estruturas adjacentes. A RM é frequentemente utilizada em conjunto com a tomografia computadorizada (TC), broncoscopia e estudos funcionais da respiração.
1. Indicações
• Compressão extrínseca da traqueia ou brônquios por massas mediastinais (tumores, linfadenopatias, aneurismas).
• Estenose traqueal pós-intubação ou cirúrgica.
• Doenças infiltrativas e inflamatórias (granulomatose com poliangiite, amiloidose, traqueobroncomalácia).
• Tumores primários da traqueia e brônquios.
• Monitoramento pós-tratamento (cirurgia, stents traqueais, radioterapia).
• Diferenciação entre estenose dinâmica (colapso na inspiração/expiração) e obstrutiva fixa.
2. Posicionamento do Paciente
• Decúbito dorsal, com a cabeça e o pescoço alinhados.
• Uso de bobina de tórax de alta resolução.
• Respiração controlada e aquisição em apneia para minimizar artefatos de movimento.
• Aquisição em repouso e, se necessário, durante inspiração e expiração para avaliação funcional.
3. Sequências e Parâmetros Técnicos
Sequência |
Plano |
Parâmetros Principais |
Finalidade |
---|---|---|---|
T1 SE |
Axial e Sagital |
TR/TE ~600/10 ms |
Avaliação anatômica e diferenciação entre gordura, tecidos sólidos e líquido |
T2 FSE com supressão de gordura (FatSat ou STIR) |
Axial e Coronal |
TR/TE ~4000-5000/80-100 ms |
Identificação de edema, inflamação e compressão extrínseca |
DWI (Difusão) |
Axial |
b = 0, 800-1000 s/mm² |
Diferenciação entre tumores benignos e malignos (ADC reduzido em neoplasias agressivas) |
T1 com Gadolinio |
Axial e Sagital |
TR/TE ~600/10 ms |
Avaliação da vascularização tumoral e invasão de estruturas adjacentes |
T1 FatSat Pós-Contraste |
Axial e Coronal |
TR/TE ~600/10 ms |
Melhor visualização do realce tumoral e diferenciação de processos inflamatórios |
MRA (Angio-RM 3D TOF, sem contraste) |
Axial e Sagital |
Alta resolução |
Avaliação de compressão vascular associada e relação com artérias e veias mediastinais |
CINE RM (Fluoroscopia por RM) |
Axial e Sagital |
Sequências dinâmicas |
Avaliação funcional da traqueia durante inspiração e expiração |
4. Classificação das Causas de Compressão Traqueobrônquica
Categoria |
Possíveis Causas |
---|---|
Tumores do mediastino |
Linfomas, timomas, teratomas, carcinomas de pulmão, metástases mediastinais |
Aneurismas e anomalias vasculares |
Aneurisma da aorta, artéria inominada aberrante, duplo arco aórtico, sling da artéria pulmonar |
Lesões inflamatórias e infecciosas |
Tuberculose traqueobrônquica, granulomatose com poliangiite, amiloidose |
Doenças estruturais |
Traqueomalácia, broncomalácia, estenose pós-intubação, colapso traqueal dinâmico |
5. Achados Patológicos
Compressão Extrínseca
• Massas mediastinais: deslocamento da traqueia e brônquios, compressão assimétrica.
• Aneurismas torácicos: contato direto com traqueia, sem invasão do lúmen.
• Linfadenopatia mediastinal: compressão focal da traqueia com ou sem desvio lateral.
Lesões Intrínsecas
• Estenoses: segmentos hipointensos em T1, hiperintensos em T2, com realce pós-contraste em processos inflamatórios.
• Neoplasias: realce pós-contraste heterogêneo, podendo haver restrição na difusão (ADC reduzido).
• Traqueomalácia: colapso dinâmico da traqueia na expiração em CINE RM.
6. Preparo do Paciente
• Jejum de 4 horas, caso seja necessário contraste.
• Preenchimento do questionário de segurança para RM.
• Uso de gadolínio obrigatório para avaliação tumoral e inflamatória.
• Aquisição em repouso e em manobras respiratórias (inspiração e expiração) para análise funcional.
7. Considerações Adicionais
• CINE RM é crucial para avaliação de colapso traqueobrônquico dinâmico (traqueomalácia, broncomalácia).
• DWI e ADC ajudam na diferenciação entre processos inflamatórios e neoplásicos.
• Comparação com exames prévios (TC e PET-CT) auxilia na detecção de progressão ou resposta ao tratamento.
• Broncoscopia pode ser necessária para confirmar a etiologia em casos incertos.